O que é visível: as auto-estradas, os aeroportos, os "metros", os estádios de futebol, os centros de saúde, as piscinas, os pavilhões gimno-desportivos, as escolas "requalificadas", etc, etc. Numa palavra, as Obras.
O que não se vê, no imediato, e passada que seja a inauguração com mais ou menos bombos, com mais ou menos pompa, são os custos financeiros decorrentes do endividamento (juros e amortizações do capital) e, sobretudo, os custos de manutenção/exploração das novas "Obras". Ora é exactamente aqui que reside a "chave" de explicação para o nosso empobrecimento relativo e ausência de crescimento económico apesar de elevadas taxas de investimento.
Helena Garrido, hoje, em editorial, caracteriza bem a situação (realces meus):
Eis aqui, em poucas palavras, toda a exuberante irracionalidade do cainesianismo tuga de que Sócrates tem sido, desgraçadamente para nós, o melhor intérprete.«O aspecto mais dramático e desesperante dos investimentos que se fizeram durante os últimos anos é a sua improdutividade - um neologismo para revelar aquilo que em economia devia ser raro: investimentos que, em vez de criarem rendimento, destroem riqueza. As auto-estradas que fomos construindo, caras ou de utilidade duvidosa - como aquela segunda ligação entre Lisboa e Porto -; a empresarialização dos hospitais; as empresas públicas descapitalizadas e endividadas; as empresas municipais desnecessárias; e mais recentemente a criação de uma empresa, a Parque Escolar, que remodela escolas a preço de ouro e com equipamento que nenhum país dos mais ricos tem dinheiro para manter, são apenas alguns exemplos de gastos públicos mascarados de privados e sem qualquer disciplina financeira.»
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Adenda: via Ecotretas, eis aqui um video onde este tema bem é ilustrado quando, relativamente à actividade da "Parque Escolar", se conclui que após uma requalificação da escola, o consumo da electricidade aumenta de 3 a 10 vezes mais do que sucedia antes da intervenção!
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