segunda-feira, 6 de maio de 2013

François Hollande: o aniversário do vazio da retórica crescimentista

Há cerca de um ano atrás, o Expresso achava por bem noticiar o que suporia vir a constituir um dos primeiros marcos na nova era que François Hollande, o Crescimentista, vinha inaugurar: Hollande já escolheu o carro presidencial. É um híbrido a diesel ("uma opção verde e modesta")!

Um ano volvido, o mesmo Expresso noticia hoje: Hollande sem razões para festejar. Daniel Ribeiro, o correspondente em Paris, a propósito da austeridade do rigor que se instalou no palácio do Eliseu novamente a marcar a diferença, escreve a certa altura (realce meu): "Para tentar cativar a perda de confiança do seu eleitorado (...) todos os símbolos servem. Até a venda de vinhos de luxo da cave do Eliseu. No fim do mês vão ser leiloadas em Paris 1200 garrafas, entre as quais estão diversas "Petrus 1990", avaliadas em 2200 euros cada uma. A ideia é comprar vinhos mais baratos para o Palácio e incluir o excedente no orçamento." A fé depositada nas acções simbólicas -e "modestas"! -, inteiramente partilhada pelo jornalista, é realmente extraordinária!

Num registo um pouco mais sério, o i interroga-se: A crise do socialismo é mais grave do que parecia? Enumerando o rol de insucessos de Hollande, a articulista acha por bem contrapor a importância  do cumprimento da promessa eleitoral de fazer aprovar a lei do casamento homossexual sublinhando que o presidente francês foi ainda "mais além" consagrando agora a lei a possibilidade de adopção de crianças por parte de duas pessoas do mesmo sexo. Neste tema, confesso não conseguir discernir onde estará o impulso na actividade económica mas não me custa conceder que "haja mais vida para além do crescimento económico".

Em ambiente de verdadeira implosão económica Hollande está hoje acossado por todos os lados, inclusivamente dentro do seu próprio partido. Tal como aconteceu com a "Hope" de Obama também rapidamente se esfumou o mote "Le-changement-c'est-maintenant".

Conclusão: o pensamento mágico está longe de ser um exclusivo lusitano.

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