Cada vez mais adepto (e praticante) da fuga às espúrias breaking news, perdoar-me-ão os leitores por me ir referir a uma notícia de há uma semana atrás. Refiro-me às declarações de Carlos Abreu Amorim (CAA), candidato do PSD à câmara de Gaia e, pelo menos por enquanto, ainda vice-presidente da bancada laranja na Assembleia da República. Destaco o seguinte trecho:
"[É] preciso pedir o regresso da política, é preciso que os problemas sejam tratados através de uma percepção dos anseios e necessidades das pessoas e isso é muito mais vasto do que a visão tecnocrática afunilada com que muitos dos problemas do país têm sido tratados até agora."
Evidentemente que CAA estava a pedir a saída de Vítor Gaspar do governo, presumivelmente o afunilador-mor que está a impedir/dificultar que a "política" regresse. Mas não será antes que CAA pretenda, como Tavares Moreira pergunta, "regressar à despesa?" tanto mais que Gaia, mercê do aturado esforço do dr. Menezes, é o segundo município mais endividado do país? Terá o actual candidato à câmara de Gaia mudado de opinião desde que escreveu isto?
É cansativo este recorrente apelo ao regresso ao "primado da política" por oposição a um muito invocado mas completamente inexistente "primado da economia", vulgo "economicismo" ou "financismo". Quem clama pelo regresso do que sempre esteve presente - e cada vez mais presente - são todos aqueles que acham que na realidade, com uma ou outra cambiante, há "mais vida para além do défice". Ora, como a realidade se encarregou de nos mostrar, há um momento a partir do qual esse engano tem trágicas consequências.
Em Portugal, sob regime democrático, o único primado que a História assinala é o da irresponsabilidade financeira do Estado que quer "fazer obra" (betão, estado social, etc.) sem estar disposto a ficar com o ónus resultante da imposição dos impostos necessários para a financiar.
É cansativo este recorrente apelo ao regresso ao "primado da política" por oposição a um muito invocado mas completamente inexistente "primado da economia", vulgo "economicismo" ou "financismo". Quem clama pelo regresso do que sempre esteve presente - e cada vez mais presente - são todos aqueles que acham que na realidade, com uma ou outra cambiante, há "mais vida para além do défice". Ora, como a realidade se encarregou de nos mostrar, há um momento a partir do qual esse engano tem trágicas consequências.
Em Portugal, sob regime democrático, o único primado que a História assinala é o da irresponsabilidade financeira do Estado que quer "fazer obra" (betão, estado social, etc.) sem estar disposto a ficar com o ónus resultante da imposição dos impostos necessários para a financiar.
1 comentário:
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"... irresponsabilidade financeira do Estado que quer "fazer obra" (betão, estado social, etc.)..."
Sobretudo o "etc." !!!
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