Por muito que custe ao PS, e custa um bocadinho depois de há pouco mais de um mês a "linha dura" (João Galamba & Cia) ter apelidado de "fantasiosa" essa possibilidade, o certo é que o governo e em particular Vítor Gaspar, acabou de marcar um ensaio de "regresso aos mercados" como se diria em linguagem de rugby, antes que o prazo expirasse (Setembro de 2013, como se previa no memorando de entendimento). Não terá sido um ensaio muito vistoso mas, ainda assim, permite de alguma forma contrariar a lengalenga costumeira de que o destino do país está inteiramente dependente da magnanimidade da "solidariedade" da Alemanha, pouco importando o que por nós próprios consigamos fazer.
Três breves notas:
Três breves notas:
- A taxa de juro média da emissão, 5,66%, é bastante superior aquela que estamos a pagar à Troika (cerca de 3,4%) e que iremos pagar no pós-Troika (daí a vincada pergunta de Tavares Moreira). Tal facto deveria fazer moderar a indignação daqueles que classificam de "usurários" os juros que estamos a suportar pela sua ajuda financeira e que permite ao estado continuar a pagar os salários e as pensões todos os meses;
- O "sucesso" (muito relativo) desta colocação pode levar alguns (muitos) a supor que a "austeridade" está a terminar. Não está e creio estar muito longe o momento em que tal venha a suceder (8/10 anos?). Com efeito, se a economia privada já terá feito o essencial do (inevitável) ajustamento, o Estado continua a gastar bem acima do que deveria pelo que persistem muitas dúvidas quanto à uma efectiva inversão da trajectória do stock de dívida pública em % do PIB que continua em crescimento;
- Embora o governo, ao fim de quase dois anos (!), tenha finalmente começado a falar, ainda que em termos muito vagos, em "reforma do estado", é-me incompreensível que uma sua formalização seja precedida da divulgação do documento de estratégia orçamental. E esta arenga de Álvaro Santos Pereira, noutras circunstâncias louvável, pode muito bem ser apenas o prenúncio do regresso ao discurso da lipoaspiração por aí resumindo o entendimento do governo do que entende por "reforma do estado".
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