"No seu “World Economic Outlook” de Outubro de 2012, o FMI analisa com detalhe as provas práticas da austeridade e não gostou do que encontrou. Em particular, o FMI concluiu que o multiplicador associado ao aumento da carga fiscal pareceu maior do que tinham, previamente, assumido. Ou seja, por cada aumento da carga fiscal há uma contracção económica correspondente, que é maior do que se esperava. Isto resulta numa maior diminuição da actividade económica e ao, infeliz, desfecho de aumentar a percentagem da dívida pública face ao PIB. Que seria o oposto do esperado e desejado. Enquanto o FMI prefere não usar o termo, o que acabei de descrever é a armadilha da dívida.
A partir de um certo ponto, uma economia acumula mais dívida do que aquela que pode pagar sem recorrer a uma desvalorização da moeda. No caso desses países terem recorrido a crédito numa moeda estrangeira, então nem a desvalorização funcionará e alguma forma de reestruturação ou incumprimento se tornam necessários para liquidar a dívida.
O FMI está, tacitamente, a admitir que aquelas economias da zona euro que estão em esforço – e para já a falhar – na aplicação da auteridade, são vítimas da armadilha da dívida."
“As novas roupas dos keynesianos” – John Butler
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Citação do dia (167)
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5 comentários:
os keynesianos andam ao ataque na esperança de novo sucesso no aumento da dívida
chamam-lhe soberana por ser esta quem vota na austera idade
mais dinheiro a circular para consumo interno
é como delicioso banho em mar salgado
Armadilha na qual caíram as ilustres personagens que desgovernaram este Pais. E tiveram direito a um merecido 'encore'.
Caro LV,
O que em tempos idos era constatado meramente por quem amargava com as medidas, já se encontra (outubro de 2012), e para agradável surpresa, explicito no interior do IMF. Os dados recolhidos só evidenciam que as terapêuticas económicas que estes, e outros, tecnocratas do dinheiro alheio têm aplicado, nada resolvem. E é inútil fazer leituras enviesadas dos números, pois concluiremos sempre que a bóia que foi lançada aos estados em falência, sim em falência e não como meigamente se diz - em dificuldade ou financeiramente desequilibrados, está com pouco ar e ademais ARMADILHADA.
Este socialismo, que crê que as nossas algibeiras não têm fundo, deveria tirar as devidas consequências desta análise, mas conjecturo que continuarão a lançar bóias, resta saber para quem e até quando…
Resistamos, então.
SAC
Floribundus e JS,
A armadilha ou a esperança (dependendo da perspectiva) tem a sua natureza revelada internamente quando, numa entrevista da semana passada, o responsável pela Agência do Crédito Público (que parecia estar numa campanha publicitária para investidores) afirmou que a estratégia para o pagamento da dívida será "o alisamento das tranches a pagar e alteração das maturidades". A que juntou, claro, a condição de um cenário económico entre o moderado e o optimista para que possamos sobreviver. E pronto é isto.
Independentemente da qualidade destas análises, o que assusta é que elas sejam apresentadas e discutidas como se vivêssemos isolados do resto do mundo. Numa realidade suspensa. E sem nenhuma disposição a considerar alternativas.
Isto ainda vai ter de piorar. E muito, infelizmente.
Saudações,
LV
SAC,
Andamos neste concurso de "atira bóias" há tempo demais. O problema de determinar a data da "publicação dos resultados" (e consequente desabar do castelo de cartas) é que desconhecemos o tamanho do saco de truques que os governos e os bancos centrais trazem às costas. Quando se vislumbram sinais preocupantes, sai um coelho para dar em sacrifício. E a coisa aguenta-se um pouco mais. Tem sido assim desde 2009. Mas o ritmo de truques aplicados tem aumentado e sem resultados. O que só pode traduzir-se uma estouro maior.
Serão importantes a resistência, a teimosia e a prudência como meios de defesa e sanidade. Anímica, intelectual e financeira, respectivamente.
Saudações,
LV
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