Não me descreveria como um animal de hábitos mas tal não quer dizer que não tenha alguns. Um deles é o de ler os mesmos jornais anos a fio, até que desapareçam, mesmo quando, por um frio exercício de racionalização, já há muito devia ter desistido deles. Continuo pois a comprar o Expresso (desde a sua fundação, salvo erro, em Janeiro de 1973) ainda que lendo, muito rapidamente, apenas três dos seus milhentos cadernos.
Com o Público passa-se algo semelhante ainda que, muito especialmente após a saída de José Manuel Fernandes, o exercício se torne cada vez mais penoso. Hoje, por exemplo, passei por cima de duas páginas com nove fotografias sobre a conferência de Cancún e ainda mais uma página e meia com uma entrevista a um senhor, responsável pela "mobilidade eléctrica" [sic] da Opel/Vauxhall a reclamar subsídios para o carro eléctrico, única forma de o mesmo ser acessível às pessoas.
Ora, fazendo notar por um lado que atribuir subsídios a alguns (e, neste caso do carro eléctrico, até será aos mais ricos) significa aumentar impostos a outros e que, por outro lado, a conversa da "necessidade" de o Estado apoiar indústrias nascentes já foi mil vezes refutada (ver, por exemplo, aqui), o teste de fidelidade ao Público foi hoje muito duro. Amanhã pode ser um dia de tomada de uma decisão importante.
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