quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

De sucesso em sucesso até ao FIM

Sendo evidente que o autor deste blogue faz parte daqueles que "saliva[m] perante a possibilidade de retirar dividendos da eventual entrada em Portugal do FMI”, nas sempre elegantes palavras de Augusto Santos Silva - o da "sarjeta", se bem se lembram -, é natural que não acompanhe o Governo na qualificação de "sucesso" perante o resultado da colocação de dívida pública no mercado hoje de manhã.

Mas, para que não me julguem excessivamente maledicente, vou fazer algo que creio só excepcionalmente voltará a suceder. Vou citar o economista cujos pontos de vista costumam ser muito apreciados por Sócrates: Paul Krugman. Sob o título Pyrrhic Bond Auctions, escreve o homem hoje no seu blogue no New York Times :

«I’m with Calculated Risk here: it says something about the sheer desperation of the European situation that Portugal’s ability to sell 10-year bonds at an interest rate of “only” 6.7 percent is considered a success. If you think about the debt dynamics here — the burden of growing interest payments on an economy that is likely to face years of grinding debt deflation — an interest rate that high is little short of ruinous. But it is, indeed, not as bad as people were expecting last week; hence, success.
A few more successes and the European periphery will be destroyed.»
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Adenda: para quem pretender aprofundar o "sucesso" de hoje, não deixe de ler BZ, n'O Insurgente.

2 comentários:

Mr. Brown disse...

Caro Eduardo,
Krugman é citado abundantemente por Sócrates, Jugulares e Ladrões de Bicicletas, mas qualquer um destes, sobretudo os últimos, está longe de partilhar na sua totalidade a visão de Krugman (nuns casos sei que não é por dificuldade de compreensão, noutros nem por isso) - basta pensar na posição de Krugman sobre o que terá de acontecer aos salários em Espanha e em Portugal. Krugman não é, obviamente, um economista com uma visão liberal, mas quando lemos o que diz e tentamos ir à essência, filtrando o conteúdo excessivamente político do seu discurso, a dita direita portuguesa (em boa parte social-democrata) pode encontrar muitos pontos de contacto com ele, mais do que se julga.

Eduardo Freitas disse...

Caro Mr. Brown,

Absolutamente de acordo consigo. Para mais, quando refiro a "proximidade" de Sócrates relativamente aos pontos de vista de Krugman, tentei usar de alguma ironia pois julgo por demais evidente que Sócrates desconhece o que quer que seja da matéria. Quanto a Krugman, creio que há muito que abandonou a economia para se dedicar à política. Opção legítima, aliás.