sábado, 5 de fevereiro de 2011

No centésimo aniversário de Ronald Reagan

Na Wikipedia, à data de hoje, pode ler-se a propósito do "Grande Comunicador", Ronald Reagan:

"As president, Reagan implemented sweeping new political and economic initiatives. His supply-side economic policies, dubbed "Reaganomics," advocated reducing tax rates to spur economic growth, controlling the money supply to reduce inflation, deregulation of the economy, and reducing government spending."

E esta é hoje, diria, a leitura consensual de Republicanos e mesmo da maioria dos Democratas quanto aos dois mandatos de Reagan. Para quem tenha dúvidas bastará recordar a famosa tirada de quem lhe sucedeu na presidência, Bill Clinton: «The era of Big Government is over». Mas será mesmo assim?

Atente-se na seguinte passagem do famoso discurso inaugural de Ronald Reagan:
«It is my intention to curb the size and influence of the Federal establishment and to demand recognition of the distinction between the powers granted to the Federal Government and those reserved to the States or to the people.»
Ou ainda,
«[W]e have piled deficit upon deficit, mortgaging our future and our children's future for the temporary convenience of the present. To continue this long trend is to guarantee tremendous social, cultural, political, and economic upheavals. You and I, as individuals, can, by borrowing, live beyond our means, but for only a limited period of time. Why, then, should we think that collectively, as a nation, we are not bound by that same limitation? We must act today in order to preserve tomorrow. And let there be no misunderstanding — we are going to begin to act, beginning today.»
Todavia, no final dos seus dois mandatos, qual foi o balanço deste anunciado recuo do Governo, nomeadamente o federal? O défice orçamental, que no último ano do mandato de Jimmy Carter foi de 74 biliões de dólares, chegou aos 155 biliões de dólares no último ano de Reagan. O "feito" foi tão extrordinário que permitiu, anos depois, a Dick Cheney, dizer que «Reagan ensinou-nos que os défices não têm importância».O número de funcionários públicos subiu de 2.8 milhões para 3 milhões. E quanto ao número de Departamentos extintos ele resumiu-se a um único: o Board da Aeronáutica Civil que tinha ficado sem muito de fazer depois da desregulamentação do tráfego aéreo levado a cabo por... Jimmy Carter!

Quanto à sua suposta defesa do comércio livre entre nações, afirmada em tiradas como «[o]ur trade policy rests firmly on the foundation of free and open markets», a verdade é que Reagan subiu as tarifas às importações ou forçou "voluntárias" restrições à exportações para os Estados Unidos de países como o Japão, a Alemanha, a Suíça, etc.

Ainda hoje, o mito se sobrepõe à verdade. Há que insistir na verdade e ela passa por afirmar que desde que Barry Goldwater disputou a presidência - que perdeu para Lyndon B. Johnson -, a única diferença substancial entre Republicanos e Democratas, retórica e grandiloquência à parte, é aquela que o Tea Party parece ter vindo proporcionar. Veja-se, por exemplo, os cortes (?) de 50 biliões de dólares propostos pela maioria republicana na Câmara dos Representantes, num défice da ordem dos 1,5 triliões de dólares! Veja.se a diferença para o Tea Partier Rand Paul que propõe o corte de 500 biliões afirmando que está a ser relativamente pouco exigente perante a magnitude dos problemas orçamentais e da monumental dívida acumulada pelas sucessivas administrações americanas. Sim! Afinal os défices do matter!

Leitura adicional:

The Reagan Fraud — and After
Ronald Reagan: An Autopsy
Ronald Reagan - Party Animal
The era of big government is over

1 comentário:

Anónimo disse...

No LewRockwell.com há três ou quatro artigos (do Rothbard principalmente) a cascar nele como merece.

Agora que era carismático isto ninguém lho tira:
http://youtu.be/qColFjbzoK0