quinta-feira, 2 de junho de 2011

O dia depois

Pedro Lomba escreve hoje, no Público, mais uma magnífica crónica onde põe o dedo na maior ferida (entre tantas...) que Sócrates abriu em Portugal e que mais tempo irá demorar a sarar. Já por várias vezes me referi por aqui a esta questão embora em termos muito longe da elegância e profundidade da escrita de Lomba. A crónica de hoje termina assim (realce meu):
A crise que ele [José Sócrates] nos deixa não está apenas nos números da economia. É uma crise do nosso reduzido estado de consciência. Sócrates venceu, porque nos pôs a pensar como ele, semiconscientes, semiadormecidos, ouvindo e falando maquinalmente. É o que nos fez seguir esta campanha como analistas de percepções e de gaffes, obcecados com a eficácia, como se fôssemos o júri de um reality show de marketing político. 
De certa forma, o problema nunca foi Sócrates, mas saber que Sócrates explorou as brechas da nossa democracia, que o napalm está aí para quem o souber usar. Deixa-nos num tal desalento ético, numa tal fractura, que a reconstrução será mais difícil. Mesmo sem Sócrates, porque os seus vestígios não irão desaparecer tão cedo.

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