Esta semana a Royal Mint lançou um novo serviço de venda pela internet de ouro a peso (bullion) para investimento e poupança. Como diz o responsável da Royal Mint à peça da BBC, "queremos ajudar a expandir o mercado do ouro na sua forma mais acessível". Para além da compra e entrega física do metal, existe a possibilidade de os clientes abrirem uma conta e alugarem um cofre, com vista à guarda segura ou à futura transacção dos metais. São muito curiosos os recentes desenvolvimentos no mercado dos metais preciosos, especialmente quando a "gestão" do seu preço se acentua com o aproximar do final do ano.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Radar
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9 comentários:
a nível do rectângulo a chicana política não augura nada de bom num futuro próximo e longínquo
a Europa caminha com os antigos Janízaros.
o pessoal com algumas economias prefere o papel dum regime nem bancarrota
na minha aldeia dizia-se 'ouro é tesouro'
Um artigo interessante aqui para um amador como eu.
http://www.libremercado.com/2014-09-24/el-oro-esta-caro-o-esta-barato-1276528979/
Mas como se explica que o Ouro tenha valorizado tanto em tão poucos anos?
Caro Lura do Grilo,
Agradeço, desde já, a referência ao artigo. Que me suscita as seguintes observações:
- as referências que o artigo faz (seja à equipa Eric Sprott ou a Jim Sinclair) são raras nos recentes artigos, que os "media" têm publicado, de análise às variações do preço EM PAPEL dos metais preciosos; ambos são agentes relevantes na defesa de um mercado transparente e livre dos metais preciosos, por isso o artigo também vale a pena a leitura;
- as variações apresentadas nos preços durante aqueles períodos são substanciais, mas se tiver a oportunidade de ver numa janela temporal maior, constatará que as variações são menos agressivas, mas sempre em sentido crescente (do preço, quero dizer);
- e este último ponto está de certo modo a responder à sua pergunta; repare, as valorizações agressivas que o espantam no período que o artigo cobre, são a resposta do mercado às históricas e repressivas intervenções dos Bancos Centrais no mercado do ouro; são conhecidas e bem documentadas (e por isso podemos excluir a hipótese de uma teoria da conspiração) as intervenções dos responsáveis políticos no preço (e relevância) dos metais preciosos; desde as "batalhas" que se registaram na preparação da conferência de Bretton Woods entre Keynes e White para relegar o ouro para um lugar de retaguarda permitindo, especialmente a Inglaterra, proceder a maquinações monetárias para gerir a sua dívida (anterior e durante) a IIª Guerra, até declarações de Alan Greenspan enquanto governador da FED; são muitos os testemunhos que atestam essa interferência no mercado; ora o que acontece é que, quando a manobra de supressão não corre como o previsto e há dúvidas quanto à saúde das economias e à qualidade das suas moedas, então o mercado (o pouco que é livre para pequeninos como nós, ou outro banco central concorrente - veja a China) aproveita; Isso traduz-se numa valorização brusca.
Seja como for, o preço a que estamos condenados desde inícios do século XX resulta de um ajuste (um arranjo, chama-se fix, por isso…) entre agentes interessados na gestão das taxas de juro e paridades monetárias. Neste momento, o preço (seja na LBMA ou no COMEX) é uma ficção absoluta. Repito, absoluta. São mercados de papel e poucas são as quantidades físicas efectivamente transaccionadas. Ora o que antes era feito pelo telefone (o fix da prata e do ouro entre cinco bancos), agora é realizado pelos mesmos bancos mas pela compra e venda de títulos sobre o metal, numa desproporção inacreditável - 100 títulos de propriedade para 1 onça de metal! Produtos derivados? Sub-prime, alguém se lembra???
E pronto, assim vão dando cabo do mercado para favorecer certas partes. Mesmo as empresas mineiras, que no passado se defendiam do risco entrando em negócios de títulos (futuros), estão a dar-se conta de que é o seu próprio modelo de negócio, quando não a viabilidade, que está em causa.
Uma coisa é certa, se houvesse mercado livre, o preço dos metais seria outro. Muito superior ao actual. Mas mesmo assim, considerando o longo prazo, o metal mantém uma resiliência extraordinária.
Este mês já fiz a minha poupança. Aproveitando a recente queda induzida.
Saudações,
LV
" Este mês já fiz a minha poupança. Aproveitando a recente queda induzida." Também eu!
Mas como se compara a evolução do preço da prata e do ouro nestes últimos 10 anos (em que o Ouro subiu de $300 a $1300 passando pelos $1800)?
Caro Lura do Grilo,
Quando refere a comparação está a referir-se à comparação dos preços de ambos os metais (ouro e prata)? Ou está a referir-se a outro índice?
Ou está apenas a referir-se à volatilidade que os valores que indicou parecem demonstrar?
LV
"Quando refere a comparação está a referir-se à comparação dos preços de ambos os metais (ouro e prata)?" Sim refiro-me à desproporção do aumento do ouro em relação à prata. Volatilidade? Pois não sei!
Lura do Grilo,
A desproporção no preço entre esses metais compreende-se atendendo a alguns dados:
- a sua disponibilidade - a prata é um produto secundário da extracção de cobre e as estimativas de exploração são de que existem no subsolo entre 9 a 15 onças de prata para 1 de ouro;
- a prata tem uma grande parte da sua produção consumida na indústria (ronda 50%) e na sua esmagadora maioria não é recuperada/reciclada;
- a prata tem uma história como metal monetário (China, Europa, América Latina, pelo menos), mas não tem o peso monetário que o ouro vem mantendo nos últimos 500 anos à escala global; há uma vertente de interpretação da prata como sendo o "ouro do homem pobre" e nos EUA há um passado de luta entre partidários da prata vs partidários do ouro como elemento monetário fundamental (ao que sei a história envolve, inclusive, a alteração literária e cinematográfica do "Feiticeiro de Oz" onde os sapatos da personagem central deixaram de ser prateados (que caminhariam orgulhosos sobre a "yellow brick road", ou seja, que a prata iria recuperar a primazia face ao ouro nos EUA) para serem vermelhos (expressão estética e significado muito diversos do texto original);
Considerando objectivamente, alguns destes dados até pareceriam justificar que o preço estivesse invertido, ou seja, que o ouro valesse menos do que a prata. Mas considerações de natureza cultural, económica e financeira vão ditando a supressão do seu preço. A relação entre ambos os preços dos metais tem oscilações máximas de 17:1 até 72:1 e, actualmente, a relação (ratio) encontra-se em 68:1 (podem adquirir-se 68 oz de pratas com o preço de 1oz de ouro). Ora, assumindo a hipóteses da regressão à média estatística, esta é uma óptima oportunidade para adquirir prata a preços de saldo.
Estas temáticas são muito ricas e complexas. Pessoalmente, considero-as apaixonantes. Mas a falta de transparência é enorme e, para obter uma compreensão facilitada ou até linear do comportamento dos preços dos metais preciosos, uma pessoa depara-se com uma barragem de propaganda, mentiras e deturpações históricas que estão profundamente relacionadas tanto com interesses obscuros como com a natureza das paixões humanas. Deveria fazer-nos pensar que estes temas não sejam estudados nas faculdades (e não só) actualmente, compreendendo de que modo os metais preciosos sempre foram um modo de refrear as intenções não confessadas dos soberanos, sublinhando os valores da integridade e da liberdade associadas à livre escolha e ao livre mercado. Como tão bem nos evidencia Murray Rothbard, através das suas obras e do seu pensamento.
Mantenhamos a teimosia de lembrar e celebrar a importância desses valores.
Saudações,
LV
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