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Dissidente e resistente: descubra as diferenças
«Não sei se a dimensão da nossa dívida e o papel que nela desempenha a República Popular da China levará a que se esqueçam aqueles assuntos - como os direitos humanos - que tão mediáticos são aquando das visitas dos dirigentes dos países democráticos como Israel, os EUA ou a Colômbia. De qualquer modo a visita do Presidente chinês talvez crie uma oportunidade para que alguém ouse perguntar-lhe sobre a situação do Nobel da Paz, Liu Xiaobo. E sobretudo para que sejamos capazes de nos interrogar a nós mesmos por que razão os opositores às ditaduras de direita são apresentados como resistentes, oposicionistas, socialistas, comunistas ou democratas-cristãos enquanto que no caso das ditaturas de esquerda só temos dissidentes. LiuXiabo, tal como os presos políticos de Cuba, é um dissidente porque é reprimido por um partido comunista. Não tem direito sequer a que se lhe reconheça uma ideologia. Existe e isso é já uma afronta. O dissidente é um produto do totalitarismo estatista: indivíduos reduzidos a si mesmos e que na absoluta impossibilidade de se organizarem enquanto oposição transformam o acto de existir numa forma de resistência».
Helena Matos, Público, 4-11-2010
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