terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Qual destes não é como os outros?



O ouro é energia económica condensada
Michael Maloney

Apresentou-se no primeiro artigo desta série um conjunto de dados relativos às variações do preço do ouro. Evidenciou-se a volatilidade do preço, em papel-moeda, do ouro.
A partir do episódio da série que recomendámos podemos inferir uma das mais importantes razões para esta volatilidade. O dinheiro (verdadeiro, sólido) mede a expansão do papel-moeda que os governos proporcionam. Assim, quando se procede à criação de mais papel-moeda procede-se, simultaneamente, à dissolução do valor unitário de cada um desses papéis. O que provocará o efeito correspondente no aumento da quantidade de papel-moeda que cada um de nós tem de trocar para adquirir os bens de que necessita, assim como o ouro. Note-se que não é o valor intrínseco dos bens que aumenta, é o valor de cada uma das unidades de papel-moeda que diminui.
Consideremos noutra perspectiva a relação entre moeda e dinheiro. Alguns dirão que é esta a perspectiva que melhor expressa o mal que subjaz ao modo de organização política e económica das sociedades actuais.
As democracias manifestam uma tensão constitutiva que põe em causa a sua viabilidade como forma de governo. A democracia existirá enquanto os eleitores não compreendam que podem atribuir-se, pelo voto e acção de maiorias, benefícios de natureza monetária a partir do erário público. No momento em que o compreendam é fácil concluir o que acontece: a maioria vai eleger aqueles que garantam a atribuição de uma fatia maior desses benefícios. Colocando em contexto este raciocínio, o resultado desta estratégia resultará num desequilíbrio importante. E a questão que emerge é então: onde ir buscar moeda para satisfazer estas necessidades? As as soluções são conhecidas de todos – aumento de impostos ou... impressão de papel-moeda. Concentremo-nos na segunda, pois é ela que mais tem contribuído para aprofundar os problemas económicos e sociais das sociedades actuais. Importa compreender que a impressão de papel-moeda e criação de dívida são uma e a mesma coisa. E moeda não é dinheiro.
Compreenderão, então, os leitores onde estamos?
Tendo presente a questão que dá título a este desafio, considere-se uma pilha de notas do jogo “Monopólio”, uma pilha de notas de euro e uma moeda de ouro (1oz de ouro puro). Qual destes não pode ser impresso arbitrariamente? Qual deles não representa um crédito sobre outrem? Qual deles pode impedir a erosão da Liberdade que representa uma dívida galopante? 
Crianças de onze anos saberiam a resposta. E nós?


 
(imagem retirada daqui)

1 comentário:

Floribundus disse...

papel impressa não tem valor para mim.
sempre preferi bens

a democracia burguesa europeia e americana
parece ter os anos contados

os politiqueiros prometem o reino de Pangloss e depois é a porcaria que vemos por todo o lado