«Na segunda metade dos anos 90 foi o Brasil. Em meados desta década voltámo-nos para Espanha. Há dois anos, as agulhas viraram-se para Angola. Sempre com o patrocínio dos governos.
Há em todos estes esforços o seu quê de patético. Porque são o reflexo de uma maneira de ser bem portuguesa: é o Estado que diz às empresas para onde ir (à boa maneira do Estado Novo). E se o Estado diz, isso vale como certificado de sucesso.
O resultado não costuma (salvo raras excepções) ser brilhante: projectos falhados, capital torrado, retiradas estratégicas. Fenómenos acentuados pela inexperiência em lidar com outros mercados e pela incapacidade em antecipar mudanças no ciclo económico: quantas empresas anteciparam o impacte do risco cambial no Brasil dos anos 90? E quantas anteciparam os problemas de pagamento de Angola e o seu arrefecimento económico? Das que foram para Espanha, quantas anteciparam a Recessão?»
O Estado não tem, não deve, intrometer-se nas decisões de investimento das empresas. As empresas não devem estar à espera do subsídio, do juro bonificado, da isenção, das campanhas da "equipa de marketing de luxo" do Ministro Pinho, etc., etc. Em rigor, aliás, de há muito que tenho para mim que o Ministério da Economia devia, pura e simplesmente ser extinto. Poupar-se-iam muitos milhões dos contribuintes e das empresas. Poupar-se-ia a subserviência, o favor, a corrupção. Ganhar-se-ia a responsabilidade, a assunção do risco, a emancipação do omipresente Estado que tudo afoga, que mantém empresas economicamente inviáveis apenas para que a sua falência custe, no cômputo geral bem mais do que custaria aquando da percepção dessa inviabilidade.
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