quarta-feira, 2 de março de 2011

Ao sabor das conveniências para enganar o pagode

No mês passado, tivemos direito ao pré-anúncio, sucessivamente pré-anunciado, das "boas notícias" relativamente ao bom desempenho das receitas fiscais. Como tive ocasião de assinalar, tal trazia água no bico já que, quanto à evolução da despesa, não tinha havido nenhuma leak. Na altura própria, isto é, aquando da divulgação do boletim de síntese da execução orçamental na altura própria (por volta de 20/21 de cada mês), viram-se as razões de ser das minhas cautelas. Por exemplo, na análise do Prof. Álvaro Santos Pereira, aqui e aqui.

Passados uns dias - a chamada de Sócrates a Berlim convidava a novas leaks - eis que mais uma "excelente" notícia aparece nos jornais: agora a que a despesa cai "pela primeira vez desde 1996" em 3,6%.

Aparentemente uma boa notícia ainda que expectável face ao orçamento do próprio governo. Na realidade, vamos a ver. Logo que saia a síntese orçamental lá para 21 do mês corrente, farei eu próprio uma análise dos números. Até lá, o registo, acompanhando Bagão Félix ou João Duque,  não pode deixar de ser de grande cuidado pelas diferentes formas, completamente à medida das conveniências, com que os dados são divulgados. Ou seja: politizou-se um dos últimos bastiões da administração pública: a Direcção Geral do Orçamento.

Claro que a verdade é só uma, como se pode aquilatar pelas palavras de [Angela] Merkel elogia reformas em Portugal, mas diz que é preciso mais.

1 comentário:

Pinho Cardão disse...

Bem visto. Até a DGO já não escapa à politização, como muito bem diz.
Qualquer dia, já nenhum organismo merece crédito, instrumentalizados e utilizados politicamente como todos começam a estar.