Na sequência de (mais) uma bizarra crónica de Paul Krugman intitulada "Nobody Understands Debt", Don Boudreaux cita uma passagem de um discurso de William F. Bucley que achei particularmente interessante para ajudar a compreender o amor, e mesmo a paixão, dos políticos pelo keynesianismo. Por isso mesmo a procurei traduzir (com alguma liberdade):
A meio do segundo mandato de Franklin Roosevelt, os cérebros do New Deal começaram a preocupar-se com a crescente inquietação popular relativamente à dívida nacional. Naquela época, a dimensão da dívida estava na mente de todos. Na realidade, Franklin Roosevelt havia, em parte, chegado à presidência, em 1932, com a promessa de diminuir a dívida que, mesmo sob o frugal Sr. Hoover, as pessoas tendiam a pensar que tinha atingido uma dimensão ameaçadora. Os sábios do Sr. Roosevelt preocupavam-se profundamente com essa tensão crescente. E então, de repente, a comunidade académica acorreu em seu socorro. Um grande espectro de economistas foi electrizado por uma teoria da dívida introduzida em Inglaterra por John Maynard Keynes. Os políticos esfregaram as mãos em sinal de gratidão. Retratando as consequências políticas da descoberta inebriante de Lord Keynes, o cartoonista do Washington Times Herald fez um desenho inesquecível. No centro, sentado num trono em frente a um mastro, estava um FDR em júbilo, cigarro inclinado para cima quase na vertical, um sorriso no rosto de orelha a orelha. Dançando à sua volta num círculo, de mãos dadas, de rostos brilhando de êxtase, os cérebros, cobertos de vestes académicas, cantavam o mágico encantamento, a grande descoberta de Lord Keynes: "Devêmo-la a nós mesmos."
Com quatro palavras talismã, os especialistas em planeamento tinham eliminado o problema da despesa sob déficit. Daí em diante, alguém que se preocupasse com um aumento da dívida nacional era simplesmente um ignorante da percepção central da economia moderna: que importa o quanto nós - o estado - devamos uma vez que o devemos a nós mesmos? Avante com a despesa! Impostos e mais impostos, gastar e gastar, eleger e eleger...
William F. Buckley, excerto de discurso de Maio 1958
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