Bjørn Lomborg é um académico dinamarquês e um estudioso da problemática ambiental sendo autor de vários livros dos quais o mais famoso será o "The Skeptical Environmentalist" (disponível em edição brasileira).
O Jornal de Negócios, com regularidade, apresenta a tradução de uma sua coluna regular em http://www.project-syndicate.org/. Bjørn Lomborg é alguém que acredita que "global warming is real, it is man-made, and we need to do something about it". Está, portanto, a salvo de ser apodado de negacionista ("denier"). Daí que as suas palavras tenham particular relevância no apelo ao bom senso. Destaco, do artigo hoje publicado no Jornal de Negócios, as seguintes passagens, que os mais atentos reconhecerão como bem actuais em Portugal:
«Ser líder dificilmente é uma garantia de êxito. A Alemanha liderou o mundo na instalação de painéis solares, financiados com 47 mil milhões de euros em subsídios. O resultado deste investimento é uma enorme despesa e muitos telhados com tecnologia solar ineficiente ao longo de um país com muito poucos dias de sol. Esta tecnologia gera apenas 0,1% da oferta energética total do país.
A própria Dinamarca também já tentou ser pioneira em energias verdes - liderou o mundo na área da energia eólica. Mas os resultados são muito pouco inspiradores. A indústria eólica do país depende quase na totalidade dos subsídios dos contribuintes e os dinamarqueses pagam as taxas de electricidade mais elevadas de qualquer nação industrializada. Diversos estudos revelam que os dados que indicam que um quinto da procura de electricidade na Dinamarca é satisfeita por energia eólica são um exagero. Em parte porque muita da energia é produzida quando não existe procura e tem que ser vendida a outros países.»
3 comentários:
Na realidade Alemanha, já tem 1% de energia de origem foto-voltaica e não 0,1%. Na verdade trouxe um grande custo ao país, mas promoveu a industrialização massiça desta tecnologia (2005 o custo estava nos 5€/Wp e actualmente estão nos 1€/Wp), no fundo vem dar razão ao autor que faz referência. No caso da Solar, o resto do mundo beneficia da grande aposta dos alemães.
E no caso da Dinamarca... o seu comentário esta descontextualizado... na realidade 25% da electricidade da Dinamarca é de origem eólica... acontece que quanto há produção a mais, este pais exporta energia e importa quando falta. No mercado escandinavo!... imaginemos que temos um verdadeiro mercado europeu de energia... o vento sopra sempre algures na Europa uma vez que não há correlação de produções eólica para cima dos 600Km... O preço médio seria, a todo o tempo muito estável... garantindo a base da diagrama de cargas! falta convencer os franceses a aderirem
O comentário não é meu, mas de Bjørn Lomborg. Se tiver algum apontamento ou correcção que entenda conveniente convido-o a deixá-lo no site a que faço referência onde está o artigo no original.
Mas à laia de comentário ao seu comentário, não me parece que os franceses estejam muito interessados no negócio. E compreende-se esse seu ponto de vista, não acha?
«...o vento sopra sempre algures na Europa...» e o Sol ilumina metade do planeta, e então?...!...
Em engenharia há duas formas de os projectos serem do tipo «I have a dream», como os classifica um amigo. Ou trata-se de algo que não existe, ou trata-se de algo que tem custos tão elevados que não é exequível...
Perante um cenário tão idílico na Dinamarca, será que é desta vez que as eólicas se safam sem a (crónica) subsidiação dos contribuintes? E já agora como é que se compensa a quebra de receitas fiscais por contrapartida das receitas que deixam de ser obtidas através dos impostos aplicados aos produtos petrolíferos e ao carvão?
JM
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