«Desde o 25 de Abril, a despesa pública cresceu ao dobro do ritmo da economia. Hoje, essa despesa, medida em percentagem do PIB, é idêntica à dos países da Europa ocidental e concentra-se, tal como lá acontece, nas despesas sociais, na Saúde e na Educação. O que, incidentalmente, leva a questionar a veracidade de uma certa narrativa sobre o país, que diz que ele se transformou numa vítima do "neoliberalismo". Afinal, aquilo que tem acontecido não é nada disso, mas a tentativa de aquisição dos mesmos padrões sociais existentes nos países com que gostamos de nos comparar.
Este processo teve, contudo, duas consequências importantes. Uma, a crescente dependência da população portuguesa relativamente aos gastos do Estado. Hoje em dia, não haverá português que não deixe de ter uma sensação de pânico ao ouvir falar de cortes na despesa pública. Mas a outra, provavelmente tão importante, foi a também crescente dependência dos políticos portugueses em relação à despesa pública. Fora da despesa pública, quase não há política em Portugal. Enquanto houver maneira de fazer despesa haverá sempre gente disposta a fazer política. O problema é quando não há, como agora.»
(Luciano Amaral, Económico, 21-10-2010)
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