Fui aluno de Cavaco Silva na universidade. A memória que recordo dessas aulas é a de um professor de palavra seca, da escola keynesiana (à la P. Samuelson), e que nunca olhava para os seus alunos olhos nos olhos preferindo contemplar a paisagem circundante para além das janelas da sala de aula. Numa palavra, competente mas sem chama. Recordo-me também que utilizava uma técnica particularmente perturbadora que consistia em, após fazer uma pergunta a um aluno, não dar qualquer feedback quanto à justeza (ou cavalidade) da resposta.
Passados uns anos, corria o Verão de 1987, cruzei-me no Algarve com um comício do PSD e pude observar como, afinal, o Cavaco Silva seco e austero era também capaz de ser um demagogo profissional e populista.
Lembrei-me deste último episódio a propósito disto: Cavaco defende cortes salariais no privado e Cavaco defende criação do Ministério do Mar.
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