«Num mundo onde as garantias são parcas e ineficientes, surge como boa notícia a criação de um fundo para indemnizar clientes de agências de viagens em casos semelhantes ao da Marsans, que faliu sem conseguir devolver o que já cobrara em viagens entretanto canceladas. Isto porque o sistema até aqui em vigor, o da caução, permitiu que a operadora espanhola funcionasse com um depósito de apenas 25 mil euros, manifestamente insuficiente para indemnizar os queixosos. Agora, o Governo quer obrigar as agências de viagens, por via de uma nova lei, a contribuirem para um fundo que permitirá o acumular de verbas mais confortáveis para casos extremos, reforçando como é de manifesta intenção, "os direitos dos consumidores". É essencial, no entanto, que tal iniciativa não acarrete um aumento indesejado da burocracia inerente, ou seja, que por causa dela não se amplie o número de zeladores do fundo, que ficará sob a tutela do Turismo de Portugal. Nestes tempos, além de boas medidas, são necessárias também as devidas cautelas. Para que não se estrague uma boa medida com resultados indesejáveis.»
Pretende o articulista (colectivo?) que vivêssemos num mundo com fartas e eficientes garantias. Sim, porque um mundo onde vigorem penalizações e incentivos, ou seja, um mundo de risco, é algo de ideologicamente insuportável para o editorialista (colectivo?).
O Governo, na sua ânsia permanente de "proteger os direitos" dos consumidores, intenção que conta com o apoio do editorialista (e sempre contou por parte da generalidade da redacção do jornal), lá vai arranjar maneira de encarecer todas as viagens vendidas em agências físicas com isso penalizando-as ainda mais face ao self-service cibernético. Mais uma "medida" a favor do desemprego, isso sim.
Por fim, e após o forró de anos a fio em que importava dinamizar o investimento e emprego públicos e estimular o consumo para promover a produção, políticas que a economia de "casino" dos Estados Unidos veio impedir que prosseguissem numa coligação com investidores feitos abutres e agências de rating incompetentes e/ou corruptas. Por isso fica bem ao Público bem como ao seu colega de "referência" DN demonstrarem tão pungentes preocupações quanto ao crescimento da burocracia e do despesismo estatal.
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