terça-feira, 12 de julho de 2011

Desfazendo um mito que muitos pretendem manter

Hoje, no WSJ, Peter Wallinson assina um artigo muito importante que contesta o mito que se instalou  e que pretende resumir a crise 2008 a uma desregulamentação dos mercados financeiros (ao neoliberalismo, pois então) e a respectiva ganância financeira de Wall Street: Government-Sponsored Meltdown - Fannie Mae did not contribute 'marginally' to the financial crisis. It was the source of the declining mortgage underwriting standards that brought down the system.
Como, infelizmente, a leitura integral do artigo está restrita aos assinantes, procurarei assinalar algumas passagens do mesmo cuja tese, que subscrevo, é a de que foram as empresas "patrocinadas" pelo Estado (GSEs) que, pelos bem conhecidos mecanismos das consequências não-intencionais das acções governativas (no caso na promoção da aquisição de habitação própria - "affordable housing" - por quem não tinha possibilidade efectiva de pagar o empréstimo contraído. Escreve Wallington:
“Fannie Mae led the way in encouraging loose lending practices among banks whose loans the company bought (...) Far from being a marginal player, Fannie Mae was the source of the decline in mortgage underwriting standards that eventually brought down the financial system. It led rather than followed Wall Street into risky lending (...) [evidence] showing that by 2008 half of all mortgages in the U.S. (27 million loans) were subprime or otherwise risky, and that 12 million of these loans were on the books of the GSEs.
Recentemente, o Congresso fez passar uma extensíssima legislação (2315 páginas) para "regular" a indústria financeira, que ficou conhecida como o Dodd-Frank Act. Ora sucede que o ex-Senador Chris Dodd e o ex-presidente do comité de assuntos financeiros da câmara dos Representantes, Barney Frank que deram o seu nome ao pacote legislativo, foram exactamente eles os principais promotores da Fannie Mae e Freddy Mac na prossecução das famigeradas políticas de affordable housing e do colapso financeiro que se seguiu. Estes senhores não conseguiram, em nenhuma das 2315 páginas, encontrar os meios para reformar estas GSEs. Pelo contrário, estima-se que o valor do bailout a estas agências venha a atingir mais de 360 mil milhões de dólares.

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