terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Em memória de Martin Luther King

Barack Obama prestou juramento ontem, dia em que celebra o nascimento de Martin Luther King, feriado federal nos EUA, chegando ao ponto de usar o exemplar da Bíblia que pertenceu ao dr. King na tomada de posse relativa ao seu segundo mandato.


Acompanhando Anthony Gregory, creio que deveríamos meditar nas palavras de Martin Luther King, nomeadamente as proferidas em Nova Iorque, em 4 de Abril de 1967, quando denuncia a iniquidade da guerra do Vietname e o papel, terrível, que ele acha que o seu próprio governo nela prosseguia (transcrição integral discurso e video). Traduzo o excerto que A. Gregory entendeu destacar - e bem - num momento em que os EUA estão, hoje, envolvidos em múltiplas guerras pelos quatro cantos do mundo. Anoto, uma vez mais, a complacência hipócrita e imoral da esquerda relativamente às "boas" guerras de Obama (ver, a propósito a página do fb, referente a George W. Obama, o presidente que, à semelhança de Franklin Delano Roosevelt, também irá cumprir quatro mandatos...). 
«Eu sabia que nunca mais poderia elevar a minha voz contra a violência dos oprimidos nos guetos sem antes ter falado claramente do maior veículo de violência no mundo de hoje - o meu próprio governo. Para o bem daqueles rapazes, para o bem deste governo, para o bem das centenas de milhar que tremem sob a nossa violência, eu não posso ficar em silêncio.

Para aqueles que perguntam, "Você não é um líder dos direitos civis?", desse modo pretendendo excluir-me do movimento pela paz, eu tenho mais uma resposta adicional. Em 1957, quando um grupo de nós formou a Conferência parar a Liderança Cristã do Sul [Southern Christian Leadership Conference], escolhemos como nosso lema: "Para salvar a alma da América". Estávamos convencidos de que não podíamos limitar a nossa visão  a certos direitos para os negros, pelo que em vez disso afirmámos a convicção de que a América nunca seria livre ou salva de si própria até que os descendentes dos seus escravos fossem completamente libertados das grilhetas que continuam a usar. De certa forma estávamos concordando com Langston Hughes, aquele bardo negro de Harlem, que antes tinha escrito:

Oh, sim,
Digo-o de modo bem claro,
A América nunca foi a América para mim,
E todavia faço este juramento -
A América sê-lo-á!


Agora, deve ser incandescentemente claro que ninguém que tenha qualquer preocupação com a integridade e a vida da América pode hoje ignorar a actual guerra. Se a alma da América se vier a tornar totalmente envenenada, em parte da autópsia deverá ler-se: Vietname.»

Martin Luther King

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