Tradução do artigo de hoje de Simon Black - «"I" for Inevitable» - tendo presente o aforismo, que também creio verdadeiro, que "quem não conhece a história está condenado a repeti-la".
5 de Novembro de 2013 [republicação do artigo divulgado há exactamente um ano atrás]
Bangkok, Thailand
Há pouco mais de 400 anos atrás, no dia de hoje, um grupo de 13 conspiradores foi preso quanto tentava assassinar o rei Jaime I da Inglaterra e fazer explodir a Câmara dos Lordes, naquilo que ficou conhecido como a Conspiração da Pólvora.
Se o leitor já viu o filme "V de Vingança" [link], conhece a história. Guy Fawkes foi encontrado sob a Câmara dos Lordes com três dezenas de barris de pólvora... e até hoje a sua efígie continua a ser queimada anualmente em comemoração do sucedido.
Fundamentalmente, a Conspiração da Pólvora [link] teve a ver com a liberdade. A monarquia inglesa, à época, controlava praticamente todos os aspectos da economia e da vida dos seus súbditos - do que podiam vestir ao modo como podiam venerar.
As "leis sumptuárias", que regulavam o comportamento privado, eram comuns. Isabel I, por exemplo, re-introduziu um imposto da barba [criado por Henrique VIII] que era devido a todos aqueles que deixassem crescer o cabelo facial para além das duas semanas.
Ela fez também publicar longas listas, categorizadas por classe social, que ditavam exactamente qual a cor e tipo de vestuário que os seus súbditos eram obrigados a usar.
Acontece que essas leis sumptuárias foram apenas uma forma primitiva de bem-estar corporatista patrocinado pelo estado; a indústria têxtil inglesa tinha pago a Isabel I enormes somas de dinheiro em troca de decretos reais que regulavam os gorros de malha e as meias de lã.
Em consequência, boa parte da mão-de-obra inglesa e do rendimento disponível foi incorrectamente afectada à produção de vestes tolas em vez de o ser a utilizações mais produtivas... e o país estava num estado de quase permanente estagnação.
Para não mencionar que as finanças inglesas se deterioraram sob Isabel I. Em 1600, as despesas estatais foram 23% maiores que a receita fiscal, o que seria o equivalente a um défice no orçamento dos Estados Unidos de hoje na ordem dos 550 mil milhões de dólares. Não é propriamente um número trivial.
Jaime I, sucessor de Isabel I, continuou a gastar extravagantemente e a endividar a economia inglesa, favorecendo com frequência um punhado de nobres com o dinheiro dos contribuintes.
Quando Carlos I, o sucessor de Jaime I, chegou ao poder, o crédito da monarquia estava tão debilitado que Carlos I teve que forçar as pessoas a emprestar-lhe dinheiro, e os que se recusaram foram presos e viram os seus bens confiscados.
Sem surpresa, a guerra civil eclodiu em 1642. Carlos I foi executado em 1649, e a ditadura genocida de Oliver Cromwell dominou a Inglaterra na década que se seguiu.
Quando se pensa sobre isso, esse colapso era inevitável.
Durante décadas anteriores, toda a economia inglesas estava sob o controle de um único indivíduo que maciçamente endividados liberdades individuais do estado, crescimento impedido, e redução das pessoas. Não é exactamente uma receita para o sucesso a longo prazo.
A Conspiração da Pólvora, de 5 de Novembro de 1605, pode ter sido um fracasso para os conspiradores, mas, decorrido que seja tempo suficiente, um sistema tão distorcido, tão insustentável, estava destinado a desmoronar-se sobre si mesmo.
Nós não estamos em situação muito diferente no Ocidente, hoje.
Temos as nossas próprias leis sumptuárias, que tudo regulamentam desde o consumo de tabaco aos alimentos que podemos e não podemos comer. Temos o nosso próprio bem-estar corporatista patrocinado pelo estado. Estamos comicamente endividados.
E justamente como sucedia com os monarcas ingleses, temos uma pequena elite que controla absolutamente tudo sobre a nossa economia - a tributação, a regulação e a massa monetária.
Escusado será dizer que também isto é insustentável. E a história mostra que estes tipos de sistemas insustentáveis irão desmoronar-se sob o seu próprio peso.
Será prudente pensar que desta vez vai ser diferente?
Simon Black
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