quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um exercício de independência

Estou normalmente de acordo com os escritos de Pacheco Pereira embora não seja nenhum indefectível. Reconheça-se, em qualquer caso, a profundidade e latitude intelectual que detém e a independência de pensamento que teima em (bem) preservar. O seguinte excerto do seu discurso de ontem na Assembleia da República é disso exemplo evidente:

«(...) das instituições políticas cuja saúde é mais crucial em democracia são os partidos. É neles, na pluralidade política e ideológica, na diversidade dos interesses representados, que se consubstancia o tónus da vida pública e do debate cívico. Infelizmente essa capacidade está rapidamente a desaparecer, com uma degradação acentuada do papel dos partidos, em particular dos partidos do poder, de exercerem a sua função cívica de representação, dominados apenas por uma lógica de exercício desse mesmo poder.
Os partidos políticos republicanos tiveram muita responsabilidade na queda da Primeira República. A Terceira República, em que vivemos, degenera também pela partidocracia, quando os partidos em vez de serem um elemento de representação dos cidadãos no poder, funcionam como uma barreira.»

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