sábado, 30 de abril de 2011

Obama, energia, subsídios e esquizofrenia

"When oil companies are making huge profits and you're struggling at the pump, and we're scouring the federal budget for spending we can afford to do without, these tax giveaways aren't right".
Se as empresas petrolíferas estão a ter grandes lucros, bom para elas. Mas se os americanos (e o resto do mundo) estão "strugling at the pump" tal não se deve, como a declaração de Obama induz malevolamente a pensar, que é a procura desses lucros das empresas que explica essa luta. A explicação é simples e reside nas leis da procura e da oferta. E assim, e apesar da notícia referir que Obama não se opõe ao aumento da produção americana de petróleo a verdade é que a sua acção real tem sido exactamente em sentido oposto (como ilustrei aqui), impedindo na prática a extracção de petróleo no Alasca e no Golfo do México.

Obama diz que os subsídios às empresas petrolíferas devem acabar. Totalmente de acordo. Mas se algo haverá de esperar em resultado do  fim desses subsídios é exactamente contribuir para o aumento do preço dos combustíveis nas bombas...
"But I also believe that instead of subsidizing yesterday's energy, we should invest in tomorrow's -- and that's what we've been doing."
Reparem no jogo de palavras: quando se refere à energia de ontem (petróleo) fala em "subsídios"; em contrapartida, relativamente às "energias do futuro" (eólica e solar no essencial), já se refere a "investimento". E aqui está outra falácia habitualmente usada pela retórica keynesiana (ou cainesiana, na versão tuga, como João Miranda, com humor e sageza, baptizou idêntica retórica socratista). Estes "investimentos" (patrocinados pelos governos federal e pelos estados)  não são menos subsídios que os atribuídos às empresas petrolíferas ou carboníferas. Como tal, são tão ineficientes e dispensáveis quanto os outros.

Sem comentários: