Esta peça do New Yorker relativa aos documentos que a Wikileaks revelou sobre Guantánamo sumariza brilhantemente a política de detenção de Bush — e agora de Obama (tradução minha via American Conservative):
Eis algumas das razões por que temos pessoas detidas em Guantánamo, de acordo com os documentos obtidos pelo WikiLeaks e, na sequência, por muitos outros jornais e televisões: um agricultor (rendeiro) porque familiarizado com os caminhos de montanha; "um afegão, em virtude do seu conhecimento geral das áreas de Khost e Cabul em resultado das suas frequentes viagens pela região como motorista de táxi"; um uzbeque, porque poderia falar sobre os serviços secretos do seu país, e um do Bahrein sobre a família real do seu país (ambos os países são aliados da América); um homem de oitenta e nove anos, padecendo de demência, para explicar documentos que, segundo ele, eram do seu filho; um imã, para especular sobre o que os crentes frequentadores da sua mesquita estariam a preparar; um operador de câmara da Al Jazeera para pormenorizar as suas operações; um britânico, que tinha sido um prisioneiro dos talibãs, porque "se supunha que ele conhecesse as formas de tratamento dos prisioneiros por parte dos talibãs e as suas tácticas de interrogatório"; recrutas talibãs para que pudessem explicar as técnicas de recrutamento dos Talibãs; um miúdo de catorze anos de idade, de seu nome Nagib Ullah, descrito no seu processo como uma "vítima de sequestro", que poderia conhecer os talibãs que o raptaram (Ullah passou um ano na prisão). As nossas razões, em resumo, nem sempre involvem a convicção que um prisioneiro representa um perigos para nós ou tenha cometido algum crime; por vezes (e isto é o mais degradante) basta-nos pensar que ele possa vir a ser-nos útil.
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