Em relação à ligação Lisboa-Madrid, Souto Moura insinuou que é desnecessária, porque os voos 'low cost' custam "três vezes menos e demora três vezes menos", afirmando: "Eu não vou a Madrid de TGV, porque é caro e demora. Eu vou a Madrid pela Ryanair".
Arquitecto Souto Moura, em entrevista ao DN
3 comentários:
A distância Lisboa-Madrid cai dentro do intervalo em que o comboio de alta velocidade (high speed rail - HSR) rivaliza com o avião.
É verdade que, pela sua natureza, o transporte ferroviário nunca gozará da mesma concorrência que a aviação mas a alta velocidade na China já tem encerrado várias linhas aéreas.
O avião pode ser mais rápido do que o HSR entre Lisboa e Madrid mas o comboio parte do centro de Lisboa e chega ao centro de Madrid. Para além, disso perde-se imenso tempo nos aeroportos. O tempo total acaba por ser o mesmo.
O comboio tem a vantagem de ser mais confortável, não oferecer tantas restrições ao transporte de bagagem e é muito mais amigo do ambiente.
É inegável a concorrência que o HSR faz ao avião em distâncias até 600km. Na China até se ligou Pequim a Xangai em HSR. Outra coisa completamente diferente é haver passageiros suficientes na ligação Lisboa-Madrid.
O comboio de passageiros até pode, potencialmente, rivalizar com o avião. Mas essa é apenas uma das muitas condições necessárias para, sequer, equacionar a sua adopção. Apenas uma, entre muitas. Uma outra, como o Bruno bem assinalou, é se existe tráfego que o justifique quer hoje quer no futuro próximo (e até longínquo...).
Falando agora como economista e contribuinte, só me interessam os projectos, para os quais sou obrigado, ainda que à força, a contribuir, que garantam um retorno do capital investido. Esse é o critério mais importante para decidir qualquer investimento. Caso contrário, apenas se estará a contribuir para o ainda maior empobrecimento do país.
Quis notar que as razões que Souto Moura apontou para recusar o TGV não são as melhores. O TGV é tão rápido em distâncias até 600 km e mais confortável do que o avião.
Mas tem de haver viabilidade para o projecto, seja em número de passageiros seja na tarifa que se vai conseguir cobrar.
Por exemplo, fazer o TGV acabar na margem sul é planeamento português no seu melhor!
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