Estamos em Setembro de 2001. A Enron Corporation, empresa que actuava predominantemente no mercado da energia, apresenta o seu pedido de protecção de credores (i.e. falência) perante a incredibilidade geral. No ano anterior, a empresa tinha apresentado um volume de negócios superior a cem mil milhões de euros. A Fortune tinha-a escolhido, por seis anos consecutivos (terminados em 2001), como a “Empresa Americana Mais Inovadora “. Afinal tudo não passava de uma monstruosa fraude que contou com conivência da empresa de auditoria – a Arthur Andersen. O escândalo foi de tal ordem que a Arthur Andersen foi obrigada a dissolver-se. Tudo isto pode ser consultado na Wikipedia. O que já é mais difícil de encontrar é que a Enron foi a primeira grande empresa a abraçar a adopção da energia solar (em 1994) e eólica (1997). O seu CEO anunciava que a Enron se aprestava a ser a empresa do futuro como “empresa verde” líder. As empresas que representavam o Big Oil eram o passado.
Em 1999, a Enron exerceu um forte lobby sobre o então governador do Texas, George W. Bush, no sentido de que fosse publicada legislação que tornasse o Texas o estado de eleição para a promoção activa das novas renováveis através da imposição, pela lei, de quotas “verdes”. Aliás, muito provavelmente, nenhuma entidade americana “fez mais” pelas novas renováveis que a fraudulenta e corrupta Enron que, de resto, nunca apresentou um cêntimo de lucro nas suas áreas “verdes”.
Esta história, real, deveria ter sido recordada e servido de aviso à actual administração americana quando esta decidiu atribuir à Solyndra (empresa americana, encerrada este ano, que fabricava painéis solares) um empréstimo de 535 milhões de dólares, em 2009, apesar da mesma apresentar na altura um resultado negativo acumulado de 558 milhões de dólares nos cinco anos precedentes.
Lições a tirar, pelo Institute of Energy Research (realces meus):
There is little excuse for the present situation of the Obama Administration with its solar loan guarantees souring. Did not DOE (Department of Energy) Secretary Stephen Chu tell the New York Times that solar technology would have to improve fivefold to be competitive? Aren’t politically dependant companies, à la Enron, bad risks given that consumers bat last?
Government trying to pick energy winners instead has picked energy losers—and picked the taxpayer’s pocket.
Nota: na última frase da caixa, onde está "energy" poderia estar qualquer sector de actividade. Os governos nada sabem de empresas ou de tecnologias e desconhecem tanto o futuro como qualquer um de nós. Mesmo os que disponham de um (exótico) Secretário de Estado do Empreendorismo!
(Também publicado no Estado Sentido)
Sem comentários:
Enviar um comentário