sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sustentabilidade: a captura de uma palavra (2)

(Continuado daqui)

É conhecida a história de um empresário norte-americano que estava viajando pela China por alturas do “Grande Salto em Frente”. O seu guia mostrou-lhe uma barragem de terra que estava a ser construída por 100 operários chineses manuseando pás. O americano pergunta: "por que não usar apenas um homem e uma escavadora e conseguir construir a barragem num dia?" O guia respondeu: "se fizéssemos isso, então teríamos 99 homens sem trabalho." Ao que o americano retorquiu: "Oh, eu pensei que vocês estivessem a construir uma barragem. Se o vosso objectivo é criar empregos então por que não deitam as pás fora e as substituem por colheres?"

Creio que para os adeptos da eco-teocracia não haveria dúvida em classificar esta barragem como sustentável, para mais com a moderada pegada de carbono confinada às exalações dos trabalhadores. Mas também eu posso afirmar que a racionalidade da sua construção é completamente alheia à disciplina da Economia.

Já por aqui me socorri de George Reisman para explicar que nas próximas centenas de milhões de anos não há razões para temer a exaustão de recursos naturais na Terra e que, desta forma, o discurso alarmista do esgotamento de recursos não tem qualquer razão de ser. Se no decorrer do tempo, determinada matéria-prima se tornar escassa e em resultado disso o seu preço aumentar, tal facto assinalará o mercado das oportunidades de lucro resultantes da sua substituição por um outro material. Nada me opõe, por princípio, contra o carro eléctrico, o etanol ou a energia eólica ou outra qualquer “renovável”. A minha oposição ao politicamente correcto decorre de a adopção dessas “alternativas” suceder não do funcionamento de um mecanismo transparente de preços, que reflicta dadas combinações de valor e escassez, mas antes de uma mistura político-ambiental com contornos evangélicos e que está disposta a conseguir o que quer socorrendo-se do poder de coerção do Estado.

Só a rentabilidade das empresas, nas diferentes actividades económicas, lhes confere sustentabilidade. Os subsídios estatais não criam riqueza, destroem-na.

Quando se faz por ignorar, no início da indústria automóvel, que o carro eléctrico competiu com o de motor de combustão interna durante trinta anos, tendo sido arredado pelos mesmos problemas que hoje o tornam indesejável pelos consumidores (fraca autonomia das baterias); quando se pretende impedir que centenas de milhões de pessoas atinjam um patamar de bem-estar que almejam; quando se chega ao ponto de considerar a taxação das exalações dos seres humanos para “compensar” o CO2 que libertam; finalmente, quando se distorce a ciência por motivos politicamente correctos, é altura de voltar a citar George Reisman:

A final inference that may be drawn is that a leading problem of our time is not environmental pollution but philosophical corruption. It is this that underlies the belief that improvement precisely in the external material conditions of human life is somehow environmentally harmful.

Sem comentários: