domingo, 18 de setembro de 2011

Preço da electricidade: o que aí vem

Não foi só o sr. Pinto de Sousa em Portugal que adoptou e através dele - nossa colectiva desgraça -, os passos de Zapatero em matéria de "novas renováveis". Houve muitos, nomeadamente os próximos da actual Situação, que ganharam (e continuam ganham) com a diarreia subsidiatória associada, contando-se pelos dedos de uma só mão os que tiveram a coragem de dizer que o rei ia nu e que a conta de tão desbragada política iria chegar com todo o fragor. É no entanto de inteira justiça assinalar que na  blogosfera portuguesa - com especial para os blogues A ciência não é neutra e Ecotretas - há muito que se antecipavam as consequências das políticas seguidas no domínio da produção de energia eléctrica.

Chegámos assim a uma situação em que a verdade (e apesar dos media), tal como o azeite, veio à superfície (também) à boleia da troika. Depois de se terminar com o subsídio implícito à electricidade que consistia na aplicação da taxa reduzida do IVA, temos pela frente um défice tarifário que será hoje de 1800 milhões de euros e um conjunto de contratos leoninos que, a não serem alterados (tal como os das concessões rodoviárias, SCUT e outras PPP), implicarão ainda mais brutais aumentos no futuro do preço da electricidade. Não é pois de admirar que as empresas beneficiárias de rendas económicas altíssimas (e sem risco) à custa do contribuinte/consumidor comecem a mostrar a sua inquietação.

Não se esqueça, nunca, de onde nasceu a justificação para tais desmandos: a "necessidade absoluta" de descarbonização que vem sendo, cada vez mais, contestada.

Entretanto, ainda que com os males dos outros possamos nós bem, vale a pena seguir a série de artigos que Manuel Fernández Ordóñez, doutor em física nuclear, vem publicando no Libre Mercado (o primeiro, aqui e o segundo aqui). Em Espanha, o défice tarifário ascende actualmente a 25 mil milhões de euros, ao mesmo tempo que o país dispõe de uma capacidade instalada (potência eléctrica) que é mais do dobro do pico máximo de procura. Se a estes dados acrescentarmos, como faz Ordóñez, que o nuclear representa 7,5% da potência instalada mas é responsável por 21,5% do total da electricidade produzida, desnudada fica a terrível ineficiência do sistema eléctrico espanhol, consequência dos níveis de loucura a que se chegaram quanto às novas renováveis.

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