A possibilidade de promover a compra e venda de habitação em Cuba está a fazer (re)nascer o poder do mercado. São vários os sites (por exemplo, este) onde se promove compra e venda e aluguer de habitações. Yoani Sánchez, uma conhecida blogger, frequentemente acossada pelas autoridades, está atenta ao fenómeno e faz eco do seu significado (minha tradução e realce):
"O que também é interessante é a completa e pragmática avaliação que é feita de cada casa posta à venda. Os anúncios tornaram-se sofisticados, acompanhados por fotos e descrições favoráveis da casa quanto ao "bom abastecimento de água", à sua magnífica localização num bairro tranquilo, ou às possibilidades de a ampliar e construir sobre o telhado. Mas há um qualificativo que ninguém se esquece de acrescentar e que é, acaso a sua habitação o justifique, se se trata de uma "construção capitalista", isto é, se foi construída antes de 1959. Há uma separação clara das águas e uma divisão implacável entre a que foi construída antes da Revolução e a que foi construída durante a mesma. Se o prédio de apartamentos é dos anos 40 ou 50, o preço dispara , enquanto os apartamentos construídos pelas microbrigadas [link], cujas torres pré-fabricadas foram erigidas durante os anos da sovietização, são relegados para um patamar inferior de oferta. O mercado imobiliário traz à tona - com toda a dureza - uma escala de valores que está longe do discurso oficial e que reatribui um novo valor a tudo, um critério objectivo para aferir a qualidade."
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