terça-feira, 9 de outubro de 2012

Confundindo o termómetro com a febre

Para os keynesianos, em caso de situação económica depressiva, quanto mais despesa pública, melhor. Se as receitas se mostrarem insuficientes, e se os contribuintes se mostrarem muito recalcitrantes em acatar novos aumentos de impostos (que imporão uma muito provável sanção eleitoral), a solução para financiar o acréscimo de despesa pública "agulha" para o recurso ao endividamento. Não há limites para o endividamento. A única excepção a este princípio ocorre quando os emprestadores, por qualquer motivo (por exemplo, por perderem a confiança na capacidade dos devedores em assegurar o serviço da dívida ou por perderem a confiança na moeda em que a dívida está denominada), deixarem de comprar títulos de dívida pública (se não estiver disponível um submisso banco central emissor, situação actual dos PIIGS). Neste caso, e porque a "austeridade" nunca é uma solução para o governo keynesiano, ele  recorre à derradeira arma do seu arsenal: imprime dinheiro nas quantidades necessárias, infinitas que sejam, que lhe permitam continuar a "pagar" as suas dívidas (Alemanha durante a República de Weimar,  Áustria, Jugoslávia, Brasil, Argentina, Israel, Zimbabwe, etc.). Nisto consiste o governo keynesiano. A justificação desta "arquitectura" reside no postulado central de que é a procura que constitui o "motor" da economia pois que, segundo os keynesianos, seria ela que provocaria o subsequente desenvolvimento da oferta necessária para responder à procura gerada. A lei de Say estaria errada. 

Se havia algo com que sempre os estatistas (da variante não totalitária) deseja(va)m ouvir, era isto. Sendo a despesa pública uma coisa (sempre) boa, o keynesianismo veio permitir libertar políticos das grilhetas das doutrinas do passado, nomeadamente das que defendiam a necessidade de poupar, ou seja, de diferir no tempo o potencial de consumo presente em ordem a permitir a acumulação de capital. E tanto mais era assim quanto a nova geração de economistas  tinha abraçado, quase unanimemente, uma visão "matemática" da economia, materializada nos famosos, sofisticados e elegantes "modelos". A matemática, ou melhor, a estatística, vinha oferecer a caução "científica" à coisa.

Robert Murphy, na American Conservative, explica a falácia: Spending Isn’t Production. À semelhança do que fez Gary North aqui, também Murphy escolhe Krugman como seu opositor. Krugman acha que a que a procura que o novo iPhone 5 suscitou é mais uma prova da bondade da doutrina keynesiana sobre a despesa pública. Murphy acusa-o - bem - de confundir o termómetro com a febre.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como pode haver crescimento numa UE com pouca ou nenhuma agricultura, pouca indústria, poucos ou nenhuns recursos fósseis e muitos serviços?

Nota: Em Portugal só o sector terciário absorve cerca de 63% dos activos. Comparativamente, a suposta salvadora da UE - Alemanha - absorve 70%, tal como a Grécia!!!


http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_PUBLIC/3-05102012-AP/EN/3-05102012-AP-EN.PDF

E os indicadores económicos alemães encontrados aqui http://www.testosteronepit.com/home/2012/10/5/the-noose-tightens-on-germanys-success-recipe.html revelam uma situação preocupante.