Quem percorra o país de automóvel fica siderado com o vasto conjunto de obras rodoviárias que ou já estão paradas ou se aprestam a parar. Para não falar das muitas mais que se concretizaram e nunca tiveram tráfego que se visse (não me canso de me espantar com a extraordinária variante ao Troviscal-Castanheira de Pera). Havia que aproveitar os fundos comunitários e "estimular" a economia, tanto mais que o país estava em recessão e o desemprego já subia. Era esta a doutrina oficial, nitidamente "crescimentista". De resto, havia que completar esse monumento à arrogância e ao desperdício do planeamento central baptizado, ao melhor estilo estalinista, por Plano Rodoviário Nacional.
Mas persiste a falácia ominosa. Ouve-se, inclusivamente de pessoas distintas e até de amigos com quem tenho o prazer de "terçar armas" a uma mesa de refeições: "não as acabar será o mesmo que jogar o dinheiro já despendido à rua". Mas não compreenderão que gastar ainda mais dinheiro em obras inúteis é desperdiçar ainda mais recursos que não temos? Haverá ainda alguma dúvida que teria sido melhor parar a desistir da construção de boa parte dos estádios de futebol do Euro quando a sua construção estava a meio? Ou será que acham preferível chegar a coisas como a que se segue a título de assegurar o prestígio do país (no caso, a Grécia) e, claro está, dos seus governantes?
Foto retirada deste conjunto |
E não se pense que são apenas os PIIGS que embarcam neste frenesi "estimulador". Também os "conservadores" britânicos abraçaram a causa apesar dos seus efémeros efeitos no presente (e persistente dívida no futuro...).
Talvez por não irem facilmente em cantigas deste tipo, a Holanda é um dos poucos países que ainda mantêm a notação AAA. O novo governo holandês acaba de anunciar o abandono "[d]a ideia da Holanda se candidatar a sedear os Jogos Olímpicos devido aos 'riscos financeiros'".
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