sábado, 20 de outubro de 2012

Contra os que querem subsumir a Economia à Política

José Pacheco Pereira (JPP), em "Contra o pensamento balofo" (link não disponível), escreve a certa altura:
Um país não é uma empresa.
   Portugal não é uma empresa.
   Portugal não é uma sociedade anónima, nem uma SA, nem uma SGPS.
   Repita, se faz favor: um país não é uma empresa.
  Repita de novo: o país não é uma empresa e tentar governar o país como se fosse uma empresa dá asneira.
   Mesmo que a empresa seja a mais bem gerida do mundo.
  Um país é um país. As regras são outras. Os métodos são outros. Os procedimentos são outros. As pessoas certas são outras.
   Repita: as pessoas certas são outras.
  As escolhas de pessoas devem obedecer a outros critérios. Porque um país não é uma empresa, não é uma burocracia, não é uma empresa de marketing, não é uma consultora, não é um think-tank, não é um blogue dos "nossos", não é uma secção partidária, nem um "grupo geracional" vindo de uma "jota" qualquer a tomar o poder.
Não creio que haja alguém que não concorde genericamente com o que precede. Agora, tenha-se presente que o que JPP não escreve é tão ou mais importante do que aquilo que explicita. JPP não escreve que o Estado não pode, eternamente, gastar mais do que colecta em impostos sem que daí decorram consequências graves para a grande maioria dos "súbditos". JPP não escreve que não existe tal coisa como dinheiro do Estado. JPP não escreve que só nas empresas se gera riqueza. JPP não escreve que o Estado se limita a redistribuir a riqueza taxada sobre o sector privado da economia. JPP não escreve que não se pode redistribuir o que não existe.

Mais à frente no artigo, JPP alude a uma das metáforas a que os diferentes "senadores" do regime recorreram nos últimos dias a propósito do assalto fiscal que a proposta de orçamento de estado para 2013 veicula. Elege a de Bagão Félix como a melhor: "[o OE 2013] funciona como uma septicemia, infecta tudo".

Erra o alvo JPP. A origem da septicemia foi bem enunciada por Margaret Thatcher (tradução do Artur Margalho):
«Nunca nos esqueçamos desta verdade fundamental: o Estado não tem outra fonte de dinheiro a não ser o dinheiro que são as próprias pessoas a ganhar.
«Se o estado desejar gastar mais, só o pode fazer ou pedindo emprestadas as vossas poupanças ou aplicando-vos mais impostos. E não é bom pensar que haverá mais alguém para pagar. Esse alguém são vocês.
«Não há tal coisa a que chamam dinheiro público, o estado não tem fonte de rendimentos para além do dinheiro dos contribuintes.
«Não há prosperidade inventando mais despesa Estatal! Ninguém fica mais rico por pedir um novo livro de cheques ao Banco! E nenhuma nação prosperou tributando os seus cidadãos acima das suas possibilidades (...)

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