Creio que os estimados leitores deste blog não têm dúvidas quanto ao sentimento do seu autor relativamente ao actual primeiro-ministro. Numa curta frase, ele representa o pior que nos podia ter acontecido nestes últimos cinco anos e meio - politica mas, sobretudo, moralmente. As consequências deste funesto lustro arrastar-se-ão, muito provavelmente, pelo menos por uma década muito penosa.
Dito isto, há uma realidade objectiva inescapável: caso o actual governo caia, só teremos um outro lá para o Verão do ano que vem no meio de uma tempestade económico-financeira bem maior que as vividas em 78-79 e 83-85. Como referi, creio que Sócrates "só à bomba" sairá da liderança do PS e do governo e estão, na minha modesta opinião, muito enganados aqueles que pensam que forçando a queda do governo agora estão com isso a capitalizar votos para as eleições antecipadas que aí virão. Sócrates é um profissional da coisa e não tem escrúpulos de dizer uma coisa hoje para a desdizer amanhã com a naturalidade que só os (bons) mentirosos compulsivos conseguem. Não o substimem.
Com elegância, é mais ou menos isto que Pacheco Pereira, na sua crónica de hoje no Público, chama a atenção:
«Há muita gente a brincar com o fogo. E o fogo é a sequência: chumbo do Orçamento, queda do Governo, envenenamento das eleições presidenciais pela crise política, longos meses sem Governo em plena crise externa, e novas eleições, num futuro ainda distante, que não é líquido darem um resultado estável, ou seja, uma maioria absoluta, nem ao PS, nem ao PSD. Eu sei que a expressão "interesse nacional" serve para quase tudo e dá excelentes pretextos políticos, mas também sei que há poucos casos em que a substância dessa expressão, o interesse nacional de facto, se aplica como no actual.
A alternativa, de que estamos já muito perto, é mandar uma delegação das "forças vivas" a Bruxelas a pedirem ao Conselho, à Comissão e ao Parlamento Europeu, que nos governem se fazem favor, que façam de Portugal, como o Kosovo, um protectorado europeu. Então digam que é isso que querem aos portugueses, para ver a resposta.»
Pacheco Pereira, Público, 9-10-2010
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