Doug French, usando uma ferramenta de análise desenvolvida por Mark Thornton em "Arranha-céus e ciclos económicos", alerta para a existência de um sinal de alerta vermelho - a possibilidade de uma forte correcção bolsista num prazo não muito distante em Skyscraper Index is Flashing Red Alert, publicado no Insituto Mises do Canadá.
Ainda que o quadro conceptual usado nesta previsão possa ser tida por alguns como, digamos, algo exótico, creio bem que ela está em linha com as análises de outros analistas que, com regularidade, daqui tenho dado eco (entre outros, Marc Faber, Jim Rogers, Peter Schiff, Jim Grant, Doug Casey ou Simon Black). A responsabilidade pela tradução que se sege é, como habitualmente, minha.
Ainda que o quadro conceptual usado nesta previsão possa ser tida por alguns como, digamos, algo exótico, creio bem que ela está em linha com as análises de outros analistas que, com regularidade, daqui tenho dado eco (entre outros, Marc Faber, Jim Rogers, Peter Schiff, Jim Grant, Doug Casey ou Simon Black). A responsabilidade pela tradução que se sege é, como habitualmente, minha.
O Índice de Arranha-céus está vermelho intermitente
Coloquem os vossos capacetes, pois há um colapso que se aproxima. Os promotores afadigam-se para construir o prédio mais alto do mundo. A economia da China pode estar a abrandar, mas 60 dos 100 mais altos edifícios em construção no mundo estão lá localizados.
O Broad Group está a construir o prédio mais alto do mundo em Changsha, capital da província de Hunan. A empresa iniciou a escavação das fundações do edifício "Sky City", de 202 andares, nos finais de Julho. Normalmente, apontar-se-ia para que a conclusão do Sky City, com uma altura de 838 metros, estivesse a anos de distância da sua conclusão. Mas este é um edifício para ser concluído em apenas quatro meses, utilizando módulos pré-fabricados.
O presidente do Broad Group, Zhang Yue, atrasou um pouco o projecto, por razões de segurança, mas promete terminá-lo em Junho ou Julho do próximo ano. "Quaisquer que sejam as dimensões dos obstáculos, irei com toda a certeza superá-los para garantir que este projecto seja concluído", declarou Zhang ao jornal The New York Times.
A relação entre os arranha-céus e os crashes bolsistas foi exposta no artigo "Arranha-céus e ciclos económicos", pelo professor Mark Thornton, publicado na edição da Primavera de 2005 do The Quarterly Journal of Austrian Economics [link].
Thornton, utilizando o "Índice de Arranha-céus" [link] do economista Andrew Lawrence em conjugação com a teoria austríaca dos ciclos económicos, veio a descobrir que o índice de arranha-céus é um bom preditor [i.e., um "indicador avançado"] de crise económicas e que "quer as causas dos arranha-céus atingirem novos recordes de altura quer as dos severos ciclos económicos estão relacionadas com a instabilidade no financiamento da dívida...".
O primeiro "ciclo de arranha-céus" iniciou-se em 1904 em Nova Iorque, quando começou a construção do edifício Singer, de 47 andares, e do edifício de 50 andares da Metropolitan Life. Este boom de construção foi rapidamente seguido pelo Pânico de 1907 [link].
Nos finais da década de 1920, Wall Street vivia a euforia. Três torres recordistas - Wall Street 40, Chrysler Building, e o Empire State Building - iniciaram a sua construção, ainda que só viessem a ser concluídas após o crash da bolsa de 1929 e o início da Grande Depressão. O Empire State Building foi concluído em 1931. Inicialmente apelidado de "Empty [vazio] State Building", levou cerca de duas décadas a para que fosse totalmente ocupado.
O terceiro ciclo começou com o início da construção da Torre Sears, em Chicago, em 1970, e do World Trade Center, em Nova Iorque, cuja construção se iniciou em 1966. Quando finalmente esses projectos se concluíram, a economia dos EUA viu-se mergulhada na estagflação.
A torre Petronas, de 88 andares, em Kuala Lumpur, representando dois "pilares cósmicos" gémeos, numa espiral sem fim em direcção ao céu, foi concluída em 1997, o mesmo ano da crise financeira asiática.
Thornton explica que esses quatro ciclos partilham características comuns: um período de dinheiro fácil e barato, que conduz a booms e a um aumento na despesa de capital. O novo capital leva a avanços tecnológicos e ao crescimento do emprego. Durante os booms, o próximo prédio mais alto é planeado e dá-se início à sua construção. No entanto, antes da sua conclusão, informações negativas levam o pânico aos mercados e o valor dos bens de capital cai.
O colapso levou os Emirados Árabes Unidos a alterar as suas leis sobre as falências. A Reuters noticiou que "a crise da dívida do Dubai em 2009-2010 levou a que luz dos holofotes incidisse sobre as reestruturações de empresas mas as leis federais sobre as falências então existentes - vistas como opacas e complexas - permanecem por testar nos tribunais dos Emirados Árabes Unidos já que as empresas em dificuldades preferem acordar privadamente os termos de regularização das suas dívidas perante os credores".
Desde o crash, a Reserva Federal tem alimentado o sistema financeiro com um fluxo contínuo de dinheiro barato que permeou os mercados do mundo inteiro. Os mercados accionistas americanos vêm estabelecendo máximos absolutos. O índice Financial Times (FTSE) está a aproximar-se dos valores recorde que atingiu no final de 1999. O Hang Seng Index (HSI) recuperou 70% dos baixos níveis observados em Fevereiro 2009.
Nos EUA, os bancos estão finalmente a ser menos restritivos e a voltar a conceder empréstimos destinados à construção de grandes torres. Francis Greenburger, um veterano promotor imobiliário, após anos de tentativas, completou os 400 milhões de dólares necessários ao financiamento da construção de um projecto residencial de 63 andares com vista para o Rio Hudson.
"Outros promotores tiraram também partido da torneira do endividamento estar menos apertada, a qual tinha fechado depois do crash", escreve Melvin Beckman no Wall Street Journal. O valor total em dólares dos empréstimos para a construção concedidos pelos bancos nacionais aumentou no segundo trimestre pela primeira vez depois da crise.
Os Mestres do Universo da Wall Street estão alinhados pelo dinheiro dos bónus e actuam no segmento alto do mercado de habitação. Uma enxurrada de novos empreendimentos de condomínios estão em curso na área da TriBeCa [link], em Nova Iorque, para satisfazer a procura. As vendas estão fortes com penthouses a ser vendidas por 24.300 dólares por metro quadrado.
Porém, os preços de construção estão a subir com um padrão que indicia uma bolha. Em 2010, os edifícios na vizinhança da TriBeCa rondavam os 2.700 dólares por metro quadrado edificável. "Agora, se se estiver a comprar prédios para reconverter", declarou o promotor Eldad Blaustein ao NYT, "eles estão a custar 4.500 a 4.950 dólares por metro quadrado". Ele adoraria comprar mais edifícios "mas a concorrência está feroz".
À medida que o dinheiro barato continua a escorrer em busca de um destino, o próximo edifício mais alto do mundo está já em construção. A Torre Kingdom, em Jeddah, na Arábia Saudita, cuja construção se iniciou nesta Primavera está projectada para ter 1000 metros de altura. Embora a construção esteja mais adiantada que a Sky City, a estimativa para a sua conclusão aponta para uma data não anterior a 2019.
Um gestor financeiro com um ponto de vista austríaco é Mark Spitznagel, o fundador da Universa Investiments, que tem 6 mil milhões dólares sob sua administração. Spitznagel é um fã de Ludwig von Mises e vem divulgando a visão austríaca em op-eds no Wall Street Journal.
Num perfil recente do gestor financeiro, a repórter do New York Times, Alexandra Stevenson, explicou que as intervenções governamentais distorcem o mercado e que esses maus investimentos [decorrentes daquelas distorções] têm que ser virtualmente liquidados. Isto cria oportunidades para os investidores, mas eles têm de ser pacientes. "Quando aquelas distorções estão presentes, os investidores adeptos da Escola austríaca irão posicionar-se aguardando por um qualquer efeito artificial sobre o mercado, prontos a retirar vantagens quando os preços reajustarem", escreve Stevenson.
Spitznagel está preparado e afirma que "o mercado accionista irá cair pelo menos 40% numa grande "purga" do mercado".
Se o índice de arranha-céus estiver correcto, Spitznagel e os seus investidores não terão que esperar muito mais. À medida que os promotores correm pelo título do "mais alto", o índice de arranha-céus começa a piscar no vermelho para os investidores em acções. As vistas podem ser grandiosas lá de cima, mas a hora de sair está cada vez mais próxima.
Sem comentários:
Enviar um comentário