que Alberto Gonçalves bem caracteriza na sua crónica de hoje - A RTP, símbolo da nação. Alguns excertos:
(...) Para tentar sossegar o estrangeiro, o Dr. Passos Coelho anuncia alterações estruturais que nunca lhe ocorreu implantar. Para tentar sossegar o eleitorado, o Dr. Portas anuncia o advento da bonança. Ambos mentem com quantos canais têm na RTP. Até agora, havia nove. Após anos de estudos e ponderações, o ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional explicou que a RTP fica melhor com treze.
Não, não desviei o assunto. Se serve para alguma coisa, a RTP serve de perfeito exemplo do modus operandi do Governo. Primeiro, declara-se a vontade de privatizar a televisão pública inteirinha, conforme a lucidez e a falência pátria recomendam. Depois, adia-se a privatização da empresa e passa a falar-se no fecho da RTP2, que todos sabem representar a maior fatia do esbanjamento daquilo. Em seguida, enterra-se o assunto. Por fim, desenterra-se o assunto, agora embelezado por um aumento de 20 ou 30 por cento na taxa do audiovisual e pela luminosa ideia dos quatro novos canais, dedicados "às áreas infanto--juvenil, música, educação e sociedade civil". O Dr. Poiares Maduro jura que a oferta actual é, cito, "insuficiente" (...)
Em suma, há um Executivo empenhadíssimo em proceder a numerosas operações estéticas a fim de parecer reformar o Estado. Há um Tribunal Constitucional (e uma Constituição) que corrobora a farsa, "provando" que o Governo fez o que pôde de modo a reduzir o Estado. Há uma oposição que, sem se rir, acusa o Governo de reduzir o Estado. E há, contas feitas, um Estado perpetuado na capacidade de alimentar os que melhor o usam. Os contribuintes, distantes destes arranjos, pagam-nos mansamente. Vale que alguns dos contribuintes são alemães, pelo que a mansidão está em risco. E os arranjos também (...)
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