quinta-feira, 7 de abril de 2011

O que eu andei pra aqui chegar

Texto certeiro de Jorge Costa que reproduzo na íntegra:
Estamos exaustos. Meses depois de se ter tornado óbvio para toda a gente sensata - bastaria, se mais não fosse, comparar os custos de endividamento possíveis no mercado com os possíveis ao abrigo de um acordo de ajuda externa e projectar a diferença como fardo adicional para os anos vindouros -, o Governo quebrou e aceitou. Não sem antes, através de uma execução orçamental desastrosa, de que não há memória recente, ter o Governo agravado todas as condições que tornavam eloquentemente inevitável, pela perda de qualquer réstea de credibilidade, o recurso à referida ajuda. Estamos exaustos - financeiramente exaustos, economicamente exaustos, politicamente exaustos, moralmente exaustos -, depois da verdadeira odisseia que foi aceitarmos fazer o inevitável, o óbvio de há muito tempo. Se gastarmos tanta energia para aceitar dar o próximo passo - a reestruturação da dívida (as condições de acesso à ajuda a partir de 2013 talvez, para nossa sorte, sejam mais impositivas no timing)-, se tudo o que for necessário fazer, e o que é necessário fazer, não restem dúvidas, é sumamente doloroso, nos consumir o que este passo consumiu, é normal que nada sobre no fim. Nem pedaço de alma.
O título do post, entretanto, torna irresistível a remissão para esta balada (letra, aqui):

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