Temos vindo a ser bombardeados por um corrupio de sucessivas iniciativas destinadas a promover o controlo da despesa pública através da identificação de oportunidades de poupança.
Assim, ouvimos dizer que, por exemplo, a eliminação dos governos civis significou (irá significar) a poupança de X milhões de euros ou que a extinção das Direcções Regionais de Educação irá permitir poupar Y milhões de euros. Como raramente os jornais, que se limitam a irradiar as notícias governamentais, fazem o seu trabalho de casa (esclarecer pormenores e ambiguidades e sistemático fact-checking), ficam sempre algumas dúvidas sobre o real significado destas poupanças e quando é que elas irão ocorrer.
Por outro lado, ouvimos também anunciar poupanças relativamente a despesas que iriam ocorrer no futuro caso até lá não agíssemos para as evitar. Caricaturando, imaginem que durante uma reunião familiar o pai anuncia que, por motivos de aperto orçamental, para o ano não irá trocar o BMW por um modelo novo, pelo que a família irá “poupar” Z milhares de euros.
Poupar hoje é gastar menos que ontem sendo certo que, naturalmente, tal implica não incorrer em novas despesas amanhã sem que previamente outras tenham sido eliminadas. Qualquer outro entendimento da palavra “poupar” levaria a admitir que poderíamos caminhar de “poupança” em “poupança” e, paradoxalmente, gastando sempre mais e mais. Foi assim, afinal, que chegámos onde chegámos.
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