James Delingpole tem hoje, no Daily Mail, um notável artigo entitulado How green zealots are destroying the planet: The provocative claim from a writer vilified for denying global warming. Pelo facto de o considerar muito importante, como brilhante súmula do que tem sido o movimento ambientalista desde os inícios da década de 60 e o mal que tem provocado, procurei traduzi-lo, ainda que parcialmente (uma tradução rápida, algo livre e certamente não isenta de falhas), na esperança de, desse modo, poder ampliar a sua leitura.
Uma das mais sombrias ironias do movimento ambientalista moderno reside na dimensão dos danos impostos ao planeta em nome da sua "salvação". Os verdes biocarburantes (plantações como as de óleo de palma cultivadas para combustível) não só levaram à destruição de milhões de hectares de floresta tropical na Ásia, em África e na América do Sul, como é agora conhecido que produzem quatro vezes mais CO2 que os combustíveis fósseis.
Os parques eólicos, para além de enferrujarem as paisagens, de destruírem solo arável e causarem uma maciça poluição sonora , matam cerca de 400 000 aves por ano, só nos EUA. Os ambientalistas, de facto, têm um histórico desastroso no domínio das suas previsões e propostas de políticas. O bestseller de 1962, Silent Spring, de Rachel Carson - que profetizava uma epidemia de cancros em consequência da utilização de pesticidas - levou a uma proibição em quase todo o mundo do DDT, o pesticida contra a malária, condenando assim milhões de pessoas do Terceiro Mundo a morrer desta doença.
O bestseller de 1968, de Paul Ehrlich, The Populational Bomb, por sua vez, ensaiou outro dos temas favoritos do movimento verde: a sobre-população. Nos anos setenta e oitenta, alertava, centenas de milhões de nós estaríamos morrendo como moscas porque não haveria comida suficiente.
Por que razão a predição de Ehrlich nunca se concretizou? Porque, como na maioria dos cenários apocalípticos dos verdes, um factor essencial foi desprezado: o progresso [tecnológico].
Porque o movimento verde há anos que está ideologicamente comprometido com a ideia de que a humanidade é uma maldição ecológica ("A Terra tem um cancro e o cancro é o Homem", como resume um think tank denominada por Clube de Roma, que inclui vários actuais e ex-chefes de Estado), ele não consegue entender o papel que a tecnologia, o engenho e adaptação humanos representam na sobrevivência da nossa espécie.
A catástrofe populacional de Ehrlich foi evitada graças a um brilhante cientista americano chamado Norman Borlaug que desenvolveu novas estirpes mutantes de trigo que conseguiram triplicar a produção de cereais no faminto subcontinente indiano.
É claro que ainda há uma preocupação generalizada sobre o uso de culturas geneticamente modificadas, mas os cientistas argumentam que, tomadas as devidas salvaguardas, elas podem, na realidade, ser mais ecológicas do que as culturas convencionais, usando menos água e menos pesticidas.
Similares avanços tecnológicos no campo da energia transformam numa tolice as alegações dos ambientalistas de que estamos a ficar sem combustíveis: muito antes de carvão se ter esgotado, veio a revolução de petróleo, e, embora haja ainda muito petróleo disponível, eis agora que surge o milagre do gás de xisto [shale gas] que jaz em abundância por toda a parte, de Blackpool ao Mar do Norte, e é libertado através de explosões resultantes da injecção de líquidos a alta pressão para abrir as bolsas de gás existentes entre as rochas.
Quando, daqui a muitas décadas, esse recurso se esgotar, começaremos a explorar clatratos (depósitos de metano sólido) enterrados no fundo do oceano.
O progresso económico não é o nosso inimigo mas nosso amigo. É um facto histórico que quanto mais ricas forem as nações, mais dinheiro elas têm disponível para assegurar um ambiente mais limpo: compare-se o ar relativamente limpo de Londres com o asfixiante smog que envolve Pequim e Nova Deli; atente-se onde ocorreram os piores desastres ecológicos no século passado - sob os empobrecidos regimes comunistas, desde o Mar de Aral a Chernobyl.
Mas os verdes recusam-se a aceitar tudo isto porque, de acordo com a sua quase religiosa doutrina, a civilização industrial é uma maldição e o crescimento económico uma doença que só pode ser curada através do racionamento e auto-sacrifício, impostos mais altos e maior controle estatal.
É por isso que chamei ao meu novo livro "Melancias" [Watermelons] - porque é sobre fanáticos que sendo verdes por fora, em termos políticos, são vermelhos por dentro. Se acaso as suas opiniões não fossem tão influentes, nas escolas, nas universidades, nos meios de comunicação social, nos corredores do poder, a economia global não estaria à beira da bagunça em que está hoje.
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