segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Da situação espanhola ou por que os banqueiros idiotas adoram o keynesianismo

Resolvi traduzir mais um (longo) texto de Gary North - Why Dumb Bankers Love Keynesianism. Não por me  ter decidido dedicar-me à tradução (após uma tentativa, na aparência bem sucedida, a avaliar pelo número de hits directos) mas porque me parece estar a crescer o movimento entre nós dos que defendem a saída da zona euro como forma de resolver os nossos problemas. Não é esta a minha opinião e North, no seu estilo muito particular mas sempre cristalino, também não a sustenta. Creio valer a pena conhecer a sua argumentação, 100% anti-keynesiana, nesta sistemática refutação de um texto de Paul Krugman.
Os banqueiros idiotas adoram os resgates governamentais. O mesmo acontece com os keynesianos. Os banqueiros idiotas abominam as consequências económicas negativas de decisões estúpidas. O mesmo acontece com os keynesianos. Os banqueiros idiotas adoram a inflação monetária que conduz a lucros bancários. O mesmo acontece com os keynesianos. Os banqueiros idiotas adoram governos nacionais suficientemente grandes para salvar os grandes bancos. O mesmo acontece com os keynesianos. Os banqueiros idiotas odeiam as corridas aos bancos. O mesmo acontece com os keynesianos. Os banqueiros idiotas querem o comando sem terem de arcar com as suas responsabilidades pessoais. O mesmo acontece com os keynesianos.

Paul Krugman é o principal porta-voz do keynesianismo no nosso tempo. Ele vê como sua a função de assegurar que os contribuintes socorram os grandes bancos multinacionais. Quando os contribuintes resistem, ele ridiculariza-os por terem vistas curtas.

Ele dissimula a sua posição de defensor dos interesses dos banqueiros falando em nome dos trabalhadores. Mas os grandes resgates bancários são a consequência inescapável das políticas que preconiza. Ele é o amigo dos banqueiros multinacionais. Tal como sucede com o seu colega de Princeton, Ben Bernanke.

Podemos ver isto no seu recente artigo [link] apelando ao governo alemão, ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Central Europeu para emprestarem mais dinheiro ao governo espanhol muito embora o governo se recuse a cortar na despesa.

Ele quer que a economia evite o custo de liquidar os empréstimos que vieram do Norte. Que deve haver ainda mais empréstimos ao estado para que possa haver mais pagamentos às pessoas desempregadas, que irão gastar o dinheiro e pôr a economia a "rolar". Em seguida, isto permitirá que os devedores espanhóis satisfaçam o pagamento dos juros aos bancos alemães.

Portanto, uma vez apanhados na armadilha dos maus empréstimos, os banqueiros devem fazer ainda mais maus empréstimos. Por que farão eles isso? Porque o governo alemão, o BCE e o FMI vão continuar a comprar títulos de dívida pública do estado espanhol.

Se isto soa como Bernanke e Paulson, em 2008, é porque foram eles que estabeleceram o padrão.

A Europa está entrando em recessão. Há uma contínua crise fiscal na Grécia, em Portugal e em Espanha, que é enorme.

A Alemanha entrou agora em recessão. A Grã-Bretanha, provavelmente, já lá entrou.

Krugman está consternado com as exigências do FMI, do BCE e dos políticos alemães segundo as quais a redução da despesa dos governos dos PIIGS deve ser uma condição para beneficiarem do auxílio do FMI e da Alemanha. Ele é um keynesiano. Ele odeia a ideia de austeridade, que significa austeridade para as burocracias estatais. Ele quer mais despesa por parte dos governos.



É sempre possível conseguir produzir um artigo através da refutação de um dos seus artigos. Ele é naturalmente anti-austeridade, ele é a favor dos défices.

O BCE A CAMINHO DO RESGATE

Ele começou o seu artigo com um resumo da promessa do Banco Central Europeu de manter os governos solventes através da compra da sua dívida. Até aqui, vindo do passado, isto tem sido ilegal. Mas o BCE tem vindo a quebrar as regras do tratado da zona euro. Esta violação das regras tinha "suavizado" os mercados, disse ele. Tudo o que um país devedor tinha que fazer era pedir ajuda, ou seja, dinheiro de resgate.

Em seguida, eclodiram na Grécia e em Espanha greves em protesto contra a "austeridade", isto é, contra cortes no orçamento do estado. É muito mau economicamente, disse ele. "Com o desemprego a níveis da Grande Depressão e com antigos trabalhadores da classe média reduzidos a remexer no lixo em busca de comida, a austeridade já foi longe demais. E isso significa que, depois de tudo, pode não haver lugar para um acordo."

Ele resumiu a opinião dos media financeiros [link], que acham que que as nações exaustas entrarão em incumprimento de qualquer modo.
Muitos comentários sugerem que os cidadãos de Espanha e da Grécia estão apenas adiando o inevitável, protestando contra os sacrifícios que devem, de facto, ser levados a cabo. Mas a verdade é que os manifestantes têm razão. Mais austeridade não serve nenhum propósito útil; os actores verdadeiramente irracionais aqui são os políticos alegadamente sérios e as autoridades que exigem cada vez mais sofrimento.
Isto é puro Krugman. Ele nunca conheceu um défice federal de que não gostasse. Ele nunca conheceu um sindicato de funcionários públicos de que não gostasse.

Ele disse que a Espanha está sofrendo por causa do rescaldo do estouro da sua bolha imobiliária. Ele disse que esta causou um boom [período de prosperidade exuberante] e forçou uma alta dos preços. Ele não explicou como. Por que subiram os preços do imobiliário? Baixas taxas de juro. Por que havia taxas de juro baixas? Porque os bancos do norte da Europa emprestaram dinheiro recém-criado para comprar títulos de dívida pública do estado espanhol. Os bancos alemães estavam entre eles.
Quando a bolha estourou, a Espanha ficou com o difícil problema da recuperação da competitividade, um processo doloroso que levará anos a resolver. A menos que a Espanha saia do euro - um passo ninguém quer assumir -, está condenada a anos de desemprego elevado.
Em primeiro lugar, a Espanha nunca foi muita competitiva. Esse era o cerne da questão. Mas eles pediram emprestado a taxas aplicada aos alemães, que são competitivos. Isto foi uma estupidez por parte dos banqueiros alemães. Agora eles estão carregados de má dívida emitida por um país que nunca foi competitivo - desde  o século XVII.
Mas este sofrimento alegadamente necessário está sendo muito ampliado pelos severos cortes na despesa; e estes cortes na despesa constituem um exemplo de como infligir dor pela dor.
Esta é retórica keynesiana. Os cortes não estão sendo impostos para aumentar a dor pela dor. Os cortes estão sendo exigidos porque a Espanha tem um défice enorme. Os credores querem os juros pagos a tempo e em euros.

Ele disse que o governo registou um pequeno superavit até 2009. "Os défices grandes surgiram quando a economia afundou, levando as receitas atrás, mas, mesmo assim, a Espanha não parece sofrer de um assim tão elevado peso da dívida".

Sério? Então o que aconteceu? É simples: os banqueiros idiotas do Norte emprestaram euros a taxas de juro baixas. Quando as taxas são mantidas baixas por estúpidos investidores de títulos de dívida, isso induz à baixa das taxas de juro de outras dívidas de longo prazo. A dívida hipotecária disparou. A bolha cresceu.
É verdade que a Espanha está agora a ter problemas para obter empréstimos para financiar os seus défices. Esse problema é, no entanto, principalmente devido a temores sobre as dificuldades mais amplas do país - não sendo o menor deles o receio da turbulência política em face do desemprego muito alto. E cortar uns quantos pontos ao défice orçamental não irá resolver esses temores. De facto, uma pesquisa do Fundo Monetário Internacional sugere que os cortes na despesa em economias profundamente deprimidas podem realmente reduzir a confiança dos investidores, pois eles aceleram o ritmo de declínio económico.
Assim, a redução da despesa pública acelera o declínio económico. Por quê? Por que é improdutivo deixar o sector privado manter esse dinheiro? Este é, desde o início, o cerne do erro keynesiano.
Por outras palavras, a simples realidade económica da situação sugere que a Espanha não necessita de mais austeridade. É certo que não deva dar uma festa, e, de facto, provavelmente não tem alternativa (para além da saída do euro) a enfrentar um período prolongado de tempos difíceis. Mas os cortes selváticos nos serviços públicos essenciais, para ajudar aos mais necessitados, prejudicam realmente as perspectivas do país para um ajustamento bem sucedido.
Pensem no que ele está dizendo. Os cortes são "selvagens". Onde está a prova? O que constituem cortes selvagens? Para um keynesiano, quaisquer cortes são selvagens.

Ele escreveu que haverá "um período prolongado de tempos difíceis". Eu concordo. Já atravessamos tempos muito difíceis. O desemprego está nos 50% para as pessoas nos seus vinte e poucos anos. Mas por que razão não tem a Espanha alternativa (para além da saída da zona do euro)?

SAINDO DA ZONA EURO

Agora tenho de colocar algumas perguntas decididamente não-keynesianas. Primeiro, por que razão a saída espanhola da zona euro evitará os tempos difíceis? Isto é o que Krugman indica que seria o caso, mas não é evidente para mim o motivo por que tal deveria acontecer. O que é que terá o euro, ou seja, a utilização do euro dentro de uma zona de comércio livre, que tenha gerado esses tempos difíceis?

Um euro forte está criando tempos difíceis em Espanha, porque não há quase nada que a Espanha possa exportar que qualquer pessoa no norte da Europa queira comprar. Assim, os espanhóis não conseguem obter dinheiro suficiente em euros para que o estado os possa taxar de modo a satisfazer o serviço da sua dívida.

Por outras palavras, o governo vendeu as suas notas promissórias [IOUs - I Owe You] durante o boom. A economia entrou em colapso. E a economia entrou em colapso porque as ineficiências produtivas espanholas não lhe permitem competir de forma eficaz com as economias do Norte.

Por que razão sair da zona euro ajudará a Espanha? Seria de esperar algum aumento das exportações, mas apenas se a nova unidade monetária, provavelmente a peseta, viesse a cair em relação ao euro. Por que razão sucederia isso? Porque o banco central de Espanha teria o poder legal de produzir pesetas em grandes quantidades. Iria inflacionar a moeda. Isso diminuiria o valor da peseta em relação ao euro. Assim, a Espanha conseguiria mais exportações. Mas, em contraste, os cidadãos espanhóis não seriam capazes de se dar ao luxo de importar muito de fora da Espanha. Isso reduziria drasticamente as importações, o que faria aumentar os preços domésticos. O público não seria capaz de comprar tantos bens e serviços, justamente porque o fornecimento de serviços vindos da Alemanha no Norte seria cortado.

A redução de bens disponíveis vindos do norte da Europa significaria austeridade para o público. Isso significaria que as pessoas teriam que cortar nas suas despesas. Haveria uma real dificuldade entre aquelas pessoas que ainda tivessem emprego.

Alguns espanhóis ganhariam com a saída. Outros - a maioria das pessoas - perderia. A única coisa que o governo espanhol poderia fazer seria redistribuir a dor, abandonando o euro, e dirigi-la na direcção daqueles cidadãos que gostam de comprar produtos de alta qualidade vindos do norte da Europa. Isso beneficiaria muito os produtores ineficientes que são membros de sindicatos espanhóis, mas certamente não iria ajudar os consumidores espanhóis.

Krugman quer saber por que razão alguém iria recomendar austeridade. Todo o mundo parece mesmo recomendá-la.
Parte da explicação é que, na Europa, como na América, demasiadas Pessoas Muito Sérias deixaram-se persuadir pelo culto de austeridade, pela crença de que os défices orçamentais, não o desemprego em massa, são o perigo claro e imediato, e que a redução do défice irá de alguma forma resolver um problema causado pelos excessos do sector privado.
Ele utiliza maiúsculas na expressão "pessoas muito sérias", porque acha que elas não são pessoas economicamente inteligentes. Elas são apenas sérias. Elas não são keynesianas. Elas não entendem que os défices orçamentais são muito bons para as economias.

E assim surge a minha segunda pergunta. O que têm os défices orçamentais a ver com a saída da zona euro? Como é que a saída da zona euro irá permitir ao governo central restaurar a economia apenas através dos défices? Com que características especiais contarão as pesetas para permitirem ao governo superar esses problemas económicos através de défices orçamentais, quando não consegue superar esses problemas através dos défices denominados em euros? Por outras palavras, o que é que faz com que o keynesianismo funcione de forma eficaz na redução do desemprego? A resposta é clara, de acordo com o keynesianismo: a capacidade do banco central para criar enormes quantidades de dinheiro para emprestar ao estado. O estado incorrerá então em défices maciços.

Próxima pergunta. De onde provirá a produtividade recém-descoberta? Por que razão incorrer em défices massivos em moeda fiduciária [fiat money] é a maneira de escapar aos efeitos do estouro da bolha imobiliária? Ele nunca discute isto. Mas é da essência do sistema keynesiano a existência dessa relação. Défices maciços financiados por moeda fiduciária são a solução que os keynesianos aconselham em toda e qualquer desaceleração económica.

A RESISTÊNCIA ALEMÃ

Mas esta não é uma explicação suficientemente boa para Krugman. Ele quer outra explicação, neste caso política. Parece existir uma ideia que se está a espalhar de forma incontrolável na Alemanha. Não é sensato que os banqueiros alemães comprem montes de novos títulos de dívida espanhola a taxas de juro baixas. Isso foi o que eles fizeram, o que criou a bolha imobiliária. Os eleitores alemães pensam que emprestar mais dinheiro a Espanha equivale a despejar o dinheiro dos contribuintes pelo cano abaixo.

Os bancos alemães compraram dívida emitida pelos devedores espanhóis e agora os devedores não conseguem pagar a dívida. É claro que eles não conseguem pagar a dívida. Não havia maneira alguma no mundo que lhes permitisse obter os euros necessários para pagar a dívida. Eles não tinham nada para exportar para a Alemanha que lhes permitisse pagar a dívida. Aqueles bancos alemães nunca esperaram que a Espanha lhes pagasse as dívidas.

Agora as taxas de juros espanholas estão a subir. O valor de mercado dos títulos espanhóis detidos por bancos alemães está caindo e a ameaça do incumprimento está a crescer. (Sair da zona euro seria um incumprimento parcial.) Surpresa, surpresa. Os banqueiros idiotas fazem coisas estúpidas e os alemães estão cansados ​​de socorrer os banqueiros idiotas alemães. Mas isto não satisfaz Krugman.
Para além disto, uma parte significativa da opinião pública no núcleo central da Europa - sobretudo, na Alemanha - está profundamente comprometida com uma visão falsa da situação. Fale-se com autoridades alemãs e elas retratarão a crise do euro como um drama moral, uma história de países que viveram acima das suas possibilidades e que agora enfrentam as inevitáveis consequências. Não importa o facto de que não foi nada disto que tenha acontecido - e o facto igualmente inconveniente que os bancos alemães tiveram um grande papel no insuflar da bolha espanhola do imobiliário. No "pecado e suas consequências" consiste a sua história, e elas agarram-se a ela.
Não, Dr. Krugman, não é o "pecado e suas consequências" que constituem o problema. Pelo contrário, foram os idiotas dos banqueiros alemães que nunca descobriram que as taxas de juro baixas que estavam recebendo, quando compraram dívida espanhola, envolviam um enorme risco de incumprimento. Os idiotas banqueiros alemães não incorreram em pecado, mas sim numa estupidez económica. Eles acreditavam que os PIIGS poderiam pagar as suas dívidas, o que significa que os PIIGS tinham algo valioso para exportar, que não tinham.
Pior ainda, isto é também o que muitos eleitores alemães acreditam, em grande parte porque isso é o que os políticos lhes disseram. E o medo de uma reacção do eleitorado que acredita, erroneamente, que está pagando pelas consequências da irresponsabilidade da Europa do Sul,  leva a que os políticos alemães não estejam dispostos a aprovar empréstimos de emergência essenciais a Espanha e a outras nações problemáticas, a menos que os devedores sejam primeiro punidos.
Os eleitores estão realmente servindo de penhor para as consequências. Não há dúvida de que uma enorme redistribuição da riqueza vai ter lugar, de uma forma ou de outra. O governo está a preparar-se para levar a cabo um resgate aos bancos alemães, à custa dos contribuintes. A única questão é como irá fazer isso: se de forma directa ou emprestando dinheiro ao governo de Espanha, que irá pagar juros com euros emprestados.

Isto irá durar para sempre. Ninguém irá confiar em devedores espanhóis novamente a menos que os contribuintes alemães constituam o penhor das dívidas da Espanha.
É claro que não é assim que estas exigências são retratadas. Mas é o que realmente significam. E já há muito o tempo para pôr fim a este absurdo cruel.
Não é nem um absurdo, nem é cruel. É simplesmente o resultado de empréstimos irresponsáveis levados a cabo por banqueiros alemães a empresas e governos falidos na zona do Mediterrâneo. Os banqueiros já perderam centenas de milhares de milhões de euros, porque as dívidas não podem ser pagas, e os banqueiros querem que alguém os salve. Afinal, é isso que os banqueiros idiotas sempre querem.

Os contribuintes alemães compreendem que vão ser os cordeiros sacrificiais para salvar a pele dos banqueiros idiotas alemães. Eles não gostam disso. Eles preferem que as dívidas sejam pagas pelos espanhóis que pediram o dinheiro emprestado. Eles acham que tendo os espanhóis pedido emprestado o dinheiro, então são os espanhóis que o devem pagar. Esta visão, está claro, é radicalmente anti-keynesiana. As dívidas nunca são supostas ser pagas no sistema keynesiano. Eles apenas crescem cada vez mais.

Depois vem o colapso da bolha. Alguém fica com uma montanha de dívidas sem valor. Isto significa sempre banqueiros e, neste caso, banqueiros alemães.
Se a Alemanha quer realmente salvar o euro, deve deixar o Banco Central Europeu fazer o que é necessário para resgatar os países devedores - e deve fazê-lo sem exigir mais dor inútil.
Eis a passagem essencial do discurso de todo o economista keynesiano. Jamais alguém deveria sofrer em consequência das más decisões que anteriormente tenha tomado. As más decisões acabaram por se revelar desastrosas. Os estúpidos banqueiros  alemães conseguem ver isso. Eles, portanto, ofendem-se contra quem defenda que não deve haver mais empréstimos do estado, ou mais empréstimos do FMI, ou mais inflação do Banco Central Europeu para permitir aos devedores espanhóis pagar juros sobre os empréstimos de que eles nunca terão dinheiro para liquidar. Isso só irá aumentar a quantidade de dívida que devem aos estúpidos banqueiros alemães.

É por isso que os eleitores alemães querem pôr fim ao processo. Não é porque eles sejam sádicos ou que queiram infligir dor a alguém.

Tudo se resume a isto. Todo o mundo quer um resgate. Todo o mundo que faz muito dinheiro durante um boom  quer uma rede de segurança, financiado por outros, quando o boom se transforma num estouro [bust].

No universo keynesiano, nunca deverá haver consequências para as acções de cada um. Nunca deverá haver sanções negativas que imponham perdas aos banqueiros que façam empréstimos estúpidos. Não deve haver uma reacção negativa que relembre aos banqueiros os erros que cometeram, e que faça com que os proprietários do capital social dos bancos devam sofrer perdas. Os banqueiros não quiseram tal nos Estados Unidos em 2008, e os banqueiros alemães não o querem em 2012.

CONCLUSÃO

Paul Krugman, como o decano dos economistas keynesianos nos nossos dias, exige as mesmas velhas soluções: défices orçamentais e inflação monetária maciça. O jogo deve continuar. Não é suposto que aqueles que cometeram erros sofram pelos erros que cometeram .

Foi uma estupidez terem sido emprestados euros a empresas espanholas a juros baixos. A solução keynesiana para aquela estupidez é fazer uma série interminável de empréstimos a juros baixos aos mesmos bancos e empresas espanholas. Por outras palavras, os erros, uma vez cometidos, devem ser resgatados através de mais erros. A ideia é jogar dinheiro fora. Esta é a essência do keynesianismo.

Os banqueiros, portanto, adoram o keynesianismo.

3 comentários:

Textículos disse...

Navio escola argentino Libertad alvo de pirataria até que seja paga dívida soberana.
http://online.wsj.com/article/SB10000872396390443768804578038503927633038.html?mod=googlenews_wsj

Filipe Silva disse...

Texto muito interessante.

Mas penso que trata a Espanha de forma incorrecta.

Espanha tem nichos de grande competitividade e de grande riqueza, por exemplo o país Vasco, é das zonas mais ricas de Espanha, e tem uma componente de industria bastante importante, sendo o seu PIB pc de 31mil Euros, e uma divida regional de 5%do PIB regional.

O problema é social, o desemprego em Espanha é motivado por salários demasiado elevados, o Professor Cosme colocou no seu blog um artigo que demonstra isso mesmo, que o salários de Espanha são 11% mais elevados que na Alemanha e que o seu PIB Pc é 90% do da Alemanha.

O caminho deve ser a redução do Estado social, e permitir que o salário nominal diminua

Mas Espanha tem uma vantagem sobre nós, existem por lá grandes economistas como Huerta de Soto.

Vai existir muita convulsão social porque as pessoas não aceitam a realidade.

JS disse...

" ... governo alemão, o BCE e o FMI ... "...

Gary North não está com rodriguinhos.
Governo alemão, simplesmente, qual Comissão, qual Barroso, qual carapuça.

Quanto à tradução: Serviço Público, mas do bom... Obg.