A substância da acesa discussão entre o PS e a coligação PSD/CDS quanto à dimensão da "flexibilização" a negociar com a troika relativamente ao OE 2014 - pelo que é noticiado, um défice orçamental equivalente a 4.5% do PIB para o Governo e de "pelo menos" 5% para o PS - está bem ilustrada nesta passagem de um texto de Murray Rothbard ("Progressistas, reacionários, histeria e a longa marcha gramsciana") hoje republicado no Instituto Mises Brasil (meu realce):
A utópica marcha da história, objetivo dos social-democratas, também é similar à dos comunistas, mas não exatamente a mesma. Para os comunistas, o objetivo era a estatização dos meios de produção, a erradicação da classe capitalista, e a tomada de poder pelo proletariado. Já os social-democratas entenderam ser muito melhor um arranjo em que o estado socialista mantém os capitalistas e uma truncada economia de mercado sob total controle, regulando, restringindo, controlando e submetendo todos os empreendedores às ordens do estado. O objetivo social-democrata não é necessariamente a "guerra de classes", mas sim um tipo de "harmonia de classes", na qual os capitalistas e o mercado são forçados a trabalhar arduamente para o bem da "sociedade" e do parasítico aparato estatal. Os comunistas queriam uma ditadura do partido único, com todos os dissidentes sendo enviados para os gulags. Os social-democratas preferem uma ditadura "branda" — aquilo que Herbert Marcuse, em outro contexto, rotulou de "tolerância repressiva" —, com um sistema bipartidário em que ambos os partidos concordam em relação a todas as questões fundamentais, discordando apenas polidamente acerca de detalhes triviais — "a carga tributária [fiscal] deve ser de 37% ou de 36,2%?".
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