Em resposta a mais uma investida dos proponentes de leis (federais e estatais) fixando salários mínimos obrigatórios mais elevados para "estimular" a economia americana, Thomas Sowell vem, mais uma vez demonstrar a sua insustentabilidade lógica e até mesmo empírica no seu artigo - "Minimum Wage Maddness". Como por várias vezes tenho assinalado neste blogue, Sowell é uma personagem muito perigosa para os defensores do "politicamente correcto" e para todos aqueles que tomam os desejos por realidades. A par com Walter Williams, é negro, nasceu pobre, teve de interromper os estudos e começar a trabalhar em empregos modestos (mais do que um em simultâneo) conseguindo por fim chegar à universidade e ser de há muito hoje uma das referências intelectuais mais marcantes nos Estados Unidos. Já publicou bem para cima de 30 livros (lista).
Que ele possa ajudar a combater uma das mais persistentes falácias que, embora mil vezes já refutada, sempre "regressa" fazendo tábua rasa da lógica e das terríveis consequências da sua aplicação. (A tradução que se segue do artigo citado é da minha responsabilidade.)
(Continua)As cruzadas políticas pelo aumento do salário mínimo estão novamente de volta. Os defensores de leis sobre o salário mínimo atribuem frequentemente a si próprios o crédito de terem mais "compaixão" para com "os pobres". Mas raramente se preocupam em verificar quais são as consequências reais da aplicação de tal legislação.
Thomas Sowell
Um dos mais simples e mais fundamentais princípios económicos é que as pessoas tendem a comprar mais quando o preço é mais baixo e menos quando o preço é mais elevado. No entanto, os defensores da legislação sobre o salário mínimo parecem pensar que o governo pode aumentar o preço do trabalho sem reduzir a quantidade de trabalho que virá a ser contratada.
Quando passamos dos princípios económicos aos factos concretos, o caso contra a legislação sobre o salário mínimo é ainda mais forte. Os países com legislação sobre o salário mínimo, quase invariavelmente, têm maiores taxas de desemprego do que os países que a não têm.
A maioria dos países tem hoje leis do salário mínimo, mas nem sempre assim aconteceu. As taxas de desemprego foram muito inferiores em locais e tempos em que não havia leis do salário mínimo.
A Suíça é uma das poucas nações modernas que não tem uma lei do salário mínimo. Em 2003, a revista "The Economist" relatava: "o desemprego na Suíça aproximou-se de um máximo de cinco anos ao atingir 3.9% em Fevereiro". Em Fevereiro do corrente ano, a taxa de desemprego na Suíça foi de 3.1%. Uma recente edição da "The Economist" evidenciava uma taxa de desemprego na Suíça de 2.1%.
A maioria dos americanos hoje nunca viu taxas de desemprego tão baixas. No entanto, houve um tempo em que não havia lei federal do salário mínimo nos Estados Unidos. A última vez que tal ocorreu foi durante a administração Coolidge [Agosto de 1923 a Março de 1929], quando a taxa de desemprego anual chegou a um valor tão baixo como 1.8%. Quando Hong Kong era uma colónia britânica, não havia lei do salário mínimo. Em 1991, a taxa de desemprego era de menos de 2%.
Quanto à existência de "compaixão" para com os "pobres", tal pressupõe que existe uma dada classe persistente de norte-americanos que são pobres num sentido com significado, e que existe alguma forma de preocupação social na redução das suas possibilidades de conseguir um emprego.
A maioria dos americanos que vive abaixo da linha da pobreza fixada pelo governo tem uma máquina de lavar e/ou de secar roupa, bem como um computador. Mais de 80% tem ar condicionado. Mais de 80% também tem um telefone fixo e um telemóvel. Quase todos têm televisão e um frigorífico. A maioria dos americanos que vive abaixo da linha de pobreza oficial também possui um veículo a motor e vive num espaço habitacional maior do que o europeu médio, não dos europeus em situação de pobreza, mas do europeu médio.
Por que são eles designados de "pobres"? Porque os burocratas governamentais criam a definição oficial de pobreza, e fazem-no de modo a proporcionar uma justificação política para o estado de bem-estar, e, não por acaso, para os próprios postos de trabalho dos burocratas.
A maioria das pessoas nos escalões de rendimento mais baixos não constitui uma classe persistente. A maioria das pessoas que está nos 20% inferiores da escala de rendimentos num dado momento, não irá lá permanecer ao longo do tempo. São mais aqueles que ascendem aos 20% superiores do que os que ficam para trás permanecendo nos 20% inferiores.
Não há nada de misterioso no facto de que a maioria das pessoas inicie a sua vida profissional em empregos de nível básico cuja remuneração é muito inferior àquela que irão auferir depois de terem obtido alguma experiência. Mas, quando os níveis salariais mínimos são fixados sem levar em consideração a sua produtividade inicial, os jovens são desproporcionadamente desempregados, isto é, são excluídos do mercado de trabalho pelo efeito preço.
Nos estados de bem-estar europeus onde os salários mínimos, e os benefícios obrigatórios associados ao trabalho a cargo dos empregadores, são mais generosos do que nos Estados Unidos, as taxas de desemprego para os trabalhadores mais jovens são frequentemente de 20% ou mais, mesmo quando não existe recessão.
Os jovens desempregados perdem não apenas o salário que poderiam ter ganho mas, e pelo menos tão importante, perdem também a experiência de trabalho que lhes permitiria vir a obter melhores níveis de remuneração mais à frente.
As minorias, como os jovens, também podem ser excluídas do mercado de trabalho pelo factor preço. Nos Estados Unidos, o último ano em que a taxa de desemprego entre os negros foi menor que a taxa de desemprego entre os brancos - 1930 - foi também o último ano em que não houve lei federal do salário mínimo. A inflação na década de 1940 elevou o salário, mesmo o dos trabalhadores não qualificados, acima do salário mínimo fixado em 1938. Economicamente, foi como se não houvesse lei do salário mínimo no final da década de 1940.
Em 1948, a taxa de desemprego entre os jovens negros de 16 e 17 anos, foi de 9.4%. Esta foi uma fracção do que viria a suceder, mesmo nos anos mais prósperos de 1958 em diante, com o salário mínimo a ser aumentado várias vezes para acompanhar a inflação.
Que bela "compaixão" pelos "pobres"!
Artigo publicado na Townhall em 17 de Setembro de 2013
1 comentário:
ajudava analizar o corebusinees dos suiços e as leis de controle social que seriam impensaveis em quase todos os paises do mundo(talvez na coreia do norte se sintam confortaveis):
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