Ouvi na TVI, no jornal das 8, a ex-secretária de estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, afirmar que não avançar com o projecto de alta velocidade corresponderia "[à] maior perca [sic] de sempre de fundos comunitários no nosso país".
Esta é uma linha de argumentação muito comum ainda que totalmente errada. Explico-me: fará sentido afirmar que, não tendo eu necessidade de comprar umas calças, terei perdido dinheiro por não as ter comprado apenas porque estavam mais baratas? É fácil de ver que se trata apenas de uma indigente falácia.
No caso em apreço, mesmo que o financiamento por fundos europeus fosse a 100%, ou seja, se a construção ficasse de borla, tal não seria suficiente para, por si só, justificar o investimento. Haveria ainda de ter em conta o que sucederia ao longo da exploração dessa nova infra-estrutura.
De uma vez por todas, temos que compreender e questionar, muito particularmente no caso das infra-estruturas públicas, o que se projecta acontecer ao longo de todo o ciclo de vida (construção e exploração) de um projecto. Caso continuemos, na esteira de Sócrates, a preocuparmo-nos apenas com a etapa da construção, continuaremos a erigir elefantes brancos e a não cessarmos de empobrecer, ainda que com muitas auto-estradas de 3X3 vias cheias de nada (a não ser os buracos por, provavelmente, já não haver dinheiro para os tapar).
1 comentário:
Infelizmente é este pensamento de despesismo cego que os governantes nos levaram onde estamos actualmente. Excelente visão neste artigo...
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