Na sequência de Estado e moral hazard (3) - Os media governamentais
Especulações sobre o comportamento esperado por parte dos cidadãos de um dado país:
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1Este país existe e chama-se Estados Unidos da América e este tipo de apólices obrigatórias faz parte do inane pacote que ficou conhecido por Obamacare.
Especulações sobre o comportamento esperado por parte dos cidadãos de um dado país:
- Se, chegado o momento da reforma, por velhice ou invalidez, o Estado "garantisse" o "direito" a uma remuneração, até que a morte sobreviesse, em função dos impostos (ou contribuições) obrigatórios pagos ao longo dos anos de trabalho? Com a "garantia" de reforma, parece ser razoável supor que esses cidadãos, antecipando um futuro "assegurado", deixariam de preocupar-se em constituir poupança para acorrer a esse fim tal como sempre aconteceu anteriormente (ou a contar com a solidariedade dos filhos para assegurar a subsistência);
- Se os cidadãos não tivessem de se preocupar com a solidez das instituições onde fazem as suas aplicações financeiras porque o Estado lhes "garantia" sempre o reembolso mesmo em caso de falência (fraudulenta ou não, pouco importa) dessas instituições, não seria difícil imaginar que os cidadãos procurassem sempre as aplicações de maior rendibilidade ignorando o risco implícito das suas decisões. Não custa assim antecipar que todos os prejuízos indutores de uma insolvência seriam socializados, ao contrário dos benefícios;
- Se o cidadão activo e empregado for obrigado a adquirir uma apólice de seguro de saúde com um alargado leque de coberturas, incluindo as relativas a condições pré-existentes1, mas se o montante da multa que o Estado impuser a cada cidadão que afinal não subscreva a apólice, for bem inferior ao custo desta última, não será razoável supor que ele não a irá subscrever enquanto estiver saudável? Afinal, qual a razão para supor que faça sentido pagar uma apólice com uma tão larga cobertura de riscos, e portanto de elevado custo, para quem vá ao médico apenas uma vez por ano para fazer um check-up? Mais: se tiver o azar de ficar doente e precisar por hipótese de um internamento poderá, na altura, adquirir a apólice e invocar condições pré-existentes!
- Se o jovem cidadão, obrigado a frequentar a escola obrigatória a contra-gosto, não tiver necessariamente de se esforçar para conseguir o “sucesso escolar”, será de esperar que trabalhe se souber que tem sempre o “progresso” assegurado independentemente da sua atitude? 2
- Se determinada organização privada com dimensão significativa (um banco, uma seguradora, uma construtora de automóveis, uma fábrica de chips, etc.) se convencer que, em caso de dificuldade grave, o Estado intervirá para a salvar, não será de supor que a equipa dirigente dessa empresa se “arrisque” a tomar decisões que nunca tomaria sem essa garantia de intervenção?
- Se as múltiplas licenças e os inúmeros regulamentos que o Estado impõe a quem pretende iniciar um negócio, que significam um enorme sobrecusto (financeiro, temporal e moral) para o empreendedor, em nome da salvaguarda dos “riscos” sociais (“qualificações profissionais”, “segurança”, “saúde”, “qualidade”, ambiente”, entre outros) desaparecessem, não haveria fortes razões para supor que houvesse muito mais criação de empregos e riqueza?
1Este país existe e chama-se Estados Unidos da América e este tipo de apólices obrigatórias faz parte do inane pacote que ficou conhecido por Obamacare.
2 Visione-se, por exemplo, este video (via O Insurgente)
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