Segundo o Correio da Manhã, Crespo também não foi convidado (nem sondado) por nenhum outro membro do governo.
Não obstante, Crespo reconhece a "apetência" que tem pelo lugar de correspondente em Washington até porque "[é] conhecido o meu interesse naquele lugar, gostei de lá estar”. A este respeito, é interessante registar que Crespo não negou ter recebido um convite para futuro correspondente em Washington da RTP. Apenas negou que tenha recebido um convite, ou mera sondagem, por parte de membros do governo.
Por sua vez, o gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, que tem a tutela da comunicação social, não desmentiu a notícia originalmente publicada pelo Expresso. Registe-se, para não esquecer.
Para tentar ainda evitar que todo o caldo se entornasse - o que manifestamente não conseguiu -, a RTP emitiu uma nota segundo a qual “não houve nenhuma tentativa de impor qualquer nome para a delegação da RTP nos EUA [por parte do Governo] e que “o nome a escolher deverá ser proposto pela direcção de Informação”.
Este episódio é apenas mais um na longa e triste lista de “episódios” em que tem sido a RTP desde a sua fundação. Ao sabor da voz do dono.
[É] interessante de ver como a argumentação a favor da privatização do sector empresarial do estado contém uma duplicidade essencial: para a electricidade, o petróleo, os caminhos-de-ferro, as telecomunicações, o “interesse” e o “serviço” público é suposto ser salvaguardado pela regulação, no caso da RTP ninguém fala nisso mas sim num “serviço público” pré-definido que justifica que parte da RTP ficará sempre no estado. Se o “modelo”, que está em grande parte pré-definido, pelo que não se percebe que irá fazer a comissão liderada por João Duque (que se for coerente com as suas posições quanto ao sector empresarial do estado pedirá a privatização do sector de comunicação social pública…), for o de privatizar um canal e depois rearranjar o resto, a RTP continuará a RTP paga pelos nossos impostos, num meio audiovisual muito mais enfraquecido. Se se confirmar que, com comissão ou sem ela, irá ser dado um canal à Ongoing, e a RTP permanecerá com um canal público de informações em sinal aberto, pago por nós e controlado pelo governo, e com muita da tralha que contém hoje, a operação é pura e simplesmente uma manobra política para garantir cumplicidades e para enfraquecer adversários potenciais. Não deriva de qualquer vontade de privatizar a comunicação social do estado, nem de racionalizar o sector. E se for assim, ficamos pior do que o que estamos.
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