segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A crise financeira de 2008 explicada num único gráfico

«[O] capitalismo é o único sistema que temos e não temos nada que o substitua. O que precisamos é que seja ético, com princípios, como era no início».

Mário Soares, em entrevista à Única, edição de 30-07-2011
In this paper [Gambling with other people’s money: How Perverted Incentives Caused the Financial Crisis], I argue that public-policy decisions have perverted the incentives that naturally create stability in financial markets and the market for housing. Over the last three decades, government policy has coddled creditors, reducing the risk they face from financing bad investments. Not surprisingly, this encouraged risky investments financed by borrowed money. The increasing use of debt mixed with housing policy, monetary policy, and tax policy crippled the housing market and the financial sector. Wall Street is not blameless in this debacle. It lobbied for the policy decisions that created the mess.

In the United States we like to believe we are a capitalist society based on individual responsibility. But we are what we do. Not what we say we are. Not what we wish to be. But what we do. And what we do in the United States is make it easy to gamble with other people’s money—particularly borrowed money—by making sure that almost everybody who makes bad loans gets his money back anyway. The financial crisis of 2008 was a natural result of these perverse incentives. We must return to the natural incentives of profit and loss if we want to prevent future crises.

Russell Roberts, Maio de 2010


Quando, no auge da bolha imobiliária, 40% dos empréstimos hipotecários se fizeram com entradas de capital inferiores a 3% (três por cento) por parte dos mutuários... onde estava o incentivo da prudência de quem pedia emprestado? Quando as agências Fannie Mae e Freddy Mac ficavam com todas as hipotecas deste tipo que os bancos concediam assumindo assim o risco de incumprimento, que incentivo de prudência havia por parte de quem emprestava o dinheiro? E não foram as administrações deste Bush pai a Bush filho, passando por Clinton, quem promoveu o affordable housing ameaçando até os bancos de retaliação caso se detectasse qualquer vestígio (ainda que  inexistente como se provou depois) de discriminação das hipotecas em função da raça? Quem manteve as taxas de juro durante tanto tempo a níveis irrisórios?

Foi o Estado o agente propiciador da bolha imobiliária. E como entre Wall Street e Washington o conúbio é total, não é de admirar que quando a bolha estoirou tenha sido o socorro de Wall Street a principal preocupação de Washington. Mário Soares está mal informado ou, então, o seu posicionamento ideológico não lhe permite aceitar que as boas intenções "do direito à propriedade de uma casa a cada família americana" tenha estado na origem da catástrofe que se lhe seguiu.

A ética do capitalismo está no lucro associado ao sucesso como remuneração do risco assumido; a sua outra face assenta no incentivo à prudência para evitar as perdas. Introduza o Estado distorções no sistema de incentivos e penalizações e lá precisamos de adjectivar a ética...

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