«Só por excesso de ingenuidade ou distração congénita se pode imaginar um governo que não pressione jornais e jornalistas. Qualquer governo democrático, obviamente, porquanto nos outros não há jornais nem jornalistas para pressionar. Em todos encontramos um Santos Silva, um Gomes da Silva, um Relvas disposto a fazer, ou a mandar fazer, telefonemas para as redacções dos jornais, a enviar mensagens e mensageiros a ameaçar com cortes publicitários (directos ou indirectos…), a fazer discursos lacrimejantes e ridículos sobre a malvadez das «forças de bloqueio» instaladas nas redações dos pasquins lusitanos, etc.. Com menos frequência, encontramos mesmo chefes de governo que se prestam a entrar pessoalmente em jogadas de baixo recorte para calar jornalistas, como sucedeu com Sócrates, a TVI e Manuela Moura Guedes. Os governos não são, por estas e muitas outras razões, locais frequentáveis por espíritos que prezem a liberdade, a sua e a dos outros. Assim, só por excesso de ingenuidade, repita-se, se podem agora espantar com o ministro Relvas aqueles críticos da instrumentalização governamental da comunicação social que, há uns meses, não estranharam – ou mesmo até apoiaram – a decisão do mesmo senhor ministro de não empandeirar a putrefacta RTP, dinossauro vivo do nosso sovietismo doméstico. Já perceberam, agora, por quê?»
Há quem tente assacar à anunciada venda de um canal da RTP e às manobras de bastidores subsequentes (supostamente para a inviabilizar), o surgimento deste muito pouco edificante episódio ainda que, como escreve rui a., ele só possa surpreender os ingénuos e os irremediavelmente distraídos. Aqui pelo quintal, foram múltiplos os posts onde defendi a total privatização da RTP (televisão e rádio) e da Lusa, a bem da higiene pública, e contra a existência de instrumentos de mera ressonância da voz do dono em exercício. E ainda que desta vez o caso se tenha passado com um jornal que, desde que tem Bárbara Reis no comando, tem muito de insuportável, o que já se sabe que se passou NÃO É ADMISSÍVEL.
Escrevi, repetidamente, que o pior do legado de Sócrates foi o descalabro ético e moral em que mergulhou o país, cujos efeitos iriam necessariamente perdurar por muito tempo (aqui, citando Pedro Lomba). Não é um mero pedido de desculpas de Miguel Relvas e a desvalorização do sucedido por parte de Passos Coelho que o inverterão. Também eu sou muito céptico quanto a acreditar em coincidências.
Escrevi, repetidamente, que o pior do legado de Sócrates foi o descalabro ético e moral em que mergulhou o país, cujos efeitos iriam necessariamente perdurar por muito tempo (aqui, citando Pedro Lomba). Não é um mero pedido de desculpas de Miguel Relvas e a desvalorização do sucedido por parte de Passos Coelho que o inverterão. Também eu sou muito céptico quanto a acreditar em coincidências.
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