quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Dançando sobre o túmulo do keynesianismo

Num momento notável de insensatez, intentei traduzir o importante texto de Gary North que foi publicado no site do Mises Institute, na 2ª feira, dia 1 de Outubro. O título era, confesso-o, aliciante - Dancing on the Grave of Keynesianism - mas o que se me tornou irresistível foi o seu brilhante conteúdo e a necessidade que senti em contribuir para o divulgar. As minhas desculpas pelas insuficiências na tradução (de minha inteira responsabilidade) pelo que aconselho vivamente a leitura do original.
O colapso da União Soviética em Dezembro de 1991 foi a melhor notícia da minha vida. O monstro morreu. Não foi apenas a URSS que caiu. Toda a mitologia da violência revolucionária como método de regeneração social, promovida desde a Revolução Francesa, caiu com ela. Como escrevi no meu livro de 1968, o marxismo foi uma religião da revolução. E o marxismo morreu institucionalmente no último mês de 1991.

Imagem retirada daqui
No entanto, não podemos mostrar conclusivamente que "o Ocidente" derrotou a União Soviética. O que derrotou a União Soviética foi o planeamento económico socialista. A União Soviética baseava-se no socialismo e o cálculo económico socialista é irracional. Ludwig von Mises, em 1920, descreveu por quê no seu artigo "Cálculo Económico na Comunidade Socialista". Ele mostrou, no plano teórico, exactamente o que há de errado com todo o planeamento socialista. Ele deixou claro por que razões o socialismo nunca poderia competir com o mercado livre. Em consequência de não existirem mercados de bens de capital, os planeadores económicos não conseguem alocar o capital de acordo com as necessidades mais importantes e mais desejadas pelo público.

A argumentação de Mises não foi levada a sério pela comunidade académica. O socialismo era tão popular entre os académicos, em 1920, que eles não responderam a Mises durante mais de 15 anos. Quando finalmente um importante economista, que de facto não era um grande economista mas simplesmente um comunista polaco, elaborou uma resposta a Mises, obteve grande publicidade. O seu nome era Oscar Lange. Ele era um homem sem princípios. Ele ensinou na Universidade de Chicago. Ele não tinha nenhuma teoria do funcionamento da economia. Imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, voltou para a Polónia, renunciou à sua cidadania americana e tornou-se num importante burocrata do governo polaco. Ele foi escolhido a dedo por Estaline para ser o primeiro embaixador polaco nos Estados Unidos. Ele era um marxista. Ele era um comunista. Ele era um homem sem princípios. Passou a sua carreira com o dedo no ar, para ver de que lado o vendo soprava. Quanto à sua crítica de Mises, nunca a Polónia adoptou a por si designada resposta organizacional prática a Mises, tal como em nenhuma outra nação da comunidade socialista.

Deste modo, a única supostamente grande refutação académica a Mises foi feita por um homem desprovido de integridade que se passou para o lado do comunismo quando conseguiu uma oferta melhor. E todavia foi anunciado como sendo um economista brilhante porque, supostamente, havia refutado Mises. O mundo académico nunca admitiu o que Lange foi: um comunista sem princípios. Ele nunca admitiu que nenhum país socialista alguma vez tivesse aplicado a sua suposta alternativa ao sistema de  mercado livre. O mundo académico agarrou-se simplesmente, por mais de 50 anos, à sua totalmente hipotética alternativa ao mercado livre para a alocação de capital. O mundo académico não aprenderia a verdade.


Finalmente, quando se tornou claro no final dos anos 1980 que a economia soviética estava falida, um professor socialista multimilionário chamado Robert Heilbroner escreveu um artigo, "Depois do comunismo" ["After Communism"], para a revista New Yorker (a 10 de Setembro de 1990), que não é uma revista académica, em que admitiu que durante toda a sua carreira sempre acreditara no que lhe tinham ensinado na escola de pós-graduação, ou seja, que Lange estava certo e Mises estava errado.

Na altura, escreveu estas palavras: "Mises tinha razão."

Heilbroner escreveu o manual mais popular da história do pensamento económico de sempre, "The Worldly Philosophers" [link]. Ele tornou-se num multimilionário através dos direitos de autor pelo livro. Nesse livro, nem sequer mencionou a existência de Mises. Ele, também, foi um homem sem integridade - um homem polido sem integridade (embora não polaco), mas ainda assim um homem sem princípios. E todavia foi amplamente respeitado no meio académico. O meio académico fez dele um homem rico.

A comunidade académica é intelectualmente corrupta. Ela acompanha as modas e não reage à verdade. Ela suprime a verdade. Percebi isso muito cedo na minha carreira, muito antes de obter um doutoramento. O grémio em cada departamento da universidade funciona como uma aliança, e não tem nenhum compromisso com a verdade em questões controversas até que um lado ou o outro perca o poder. Quando um dos lados é visto como tendo poder, como os comunistas foram percepcionados entre 1917-1991, nunca há um desafio directo dirigido pela comunidade académica. O meio académico argumentou que este ou aquele aspecto do sistema soviético estava errado, geralmente relacionados com a liberdade de expressão. Mas, relativamente às operações básicas do sistema de planeamento económico comunista, nunca houve nada parecido a uma crítica abrangente daquele sistema, e nunca ninguém dentro da comunidade académica viu as debilidades do comunismo no artigo de Mises de 1920.

A União Soviética esteve sempre economicamente falida. Ela estava na pobreza em 1991. Era, na frase magnífica do jornalista conservador Richard Grenier, o Bangladesh com mísseis. Fora de Moscovo, os russos, em 1990, viviam numa pobreza comparável àquela de meados do século XIX na América, mas com muito menos liberdade. E todavia  isso nunca foi dito aos alunos durante os anos em que eu andei na escola, que foi na década de 1960. Houve uns quantos economistas que falaram sobre isso, mas conseguiram pouca publicidade, não eram famosos, e os seus livros não foram distribuídos nas salas de aula da faculdade. A abordagem padrão da comunidade académica foi dizer que a União Soviética era uma economia que funcionava: um concorrente digno para o capitalismo.

Paul Samuelson foi o mais influente académico economista da segunda metade do século XX. Ele escreveu o manual introdutório que vendeu mais do que qualquer outro na história das faculdades de economia. Em 1989, enquanto a economia da URSS entrava em colapso, ele escreveu no seu manual que o sistema de planeamento central da União Soviética provava que o planeamento central podia funcionar. Mark Skousen assinalou o facto no seu livro "Economics on Trial" em 1990. David Henderson recordou-o aos leitores do Wall Street Journal em 2009.
Samuelson tinha uma insensibilidade surpreendente para com o comunismo. No início dos anos 1960, o economista G. Warren Nutter, da Universidade de Virgínia, tinha produzido trabalho empírico em que mostrava que o muito elogiado crescimento económico na União Soviética era um mito. Samuelson não prestou atenção. Na edição de 1989 de seu livro, Samuelson e William Nordhaus escreveram, "a economia soviética é a prova de que, contrariamente ao que muitos cépticos desde cedo acreditaram, uma economia planificada socialista pode funcionar e até mesmo prosperar."
O criador da chamada síntese keynesiana e o primeiro  vencedor norte-americano de um Prémio Nobel de Economia, estava cego como um morcego quanto ao mais importante fracasso económico do mundo moderno. Dois anos mais tarde, a URSS estava literalmente desfeita, tal como se tivesse ocorrido a falência de uma empresa. Samuelson nunca viu que isso ia acontecer. As pessoas que são conceptualmente cegas nunca vêem.

A era keynesiana está chegando ao fim


Digo isto para vos dar esperança. Os keynesianos parecem ser dominantes hoje. Eles são dominantes porque foram introduzidos na hierarquia do poder político. Eles servem como profetas da corte equivalentes aos babilónios, pouco antes dos Medo-Persas tomarem a nação.

Eles estão no comando das principais instituições académicas. Eles são os principais conselheiros no governo federal. Eles são a facção esmagadoramente dominante dentro do Sistema da Reserva Federal. Os seus únicos grandes adversários institucionais são os monetaristas e os monetaristas estão tão empenhados na moeda fiduciária como os keynesianos o estão. Eles odeiam a ideia de uma moeda padrão-ouro. Eles odeiam a ideia de uma moeda produzida pelo mercado.

Não houve indignação esmagadora entre os economistas funcionários da Reserva Federal quando Ben Bernanke e o Federal Open Market Committee (FOMC) inflacionou a base monetária de 900 mil milhões de dólares para 1,7 milhões de milhões de dólares nos finais de 2008 e, depois, para 2,7 milhões de milhões de dólares em meados de 2011. Essa expansão da oferta de moeda não tinha qualquer fundamento no plano teórico em nenhuma teoria económica. Foi uma decisão completamente ad hoc. Foi um FOMC desesperado tentando evitar que o sistema entrasse em colapso, ou pelo menos,  que pensava que estava prestes a entrar em colapso. As provas do que afirmo são questionáveis. Mas, em qualquer caso, eles inflacionaram a base monetária, e ninguém na comunidade académica, à excepção de um punhado de Austríacos, protestou que tal foi uma traição completa ao sistema monetário e alheia a qualquer teoria económica.

Os keynesianos vão eventualmente enfrentar o que os marxistas têm enfrentado desde 1991. Literalmente, meses após o colapso da União Soviética, quando os membros do Partido Comunista simplesmente fecharam a loja e roubaram o dinheiro que estava no interior dos cofres do Partido, todo o respeito pelo marxismo desapareceu dentro da academia. O marxismo tornou-se motivo de chacota. Ninguém, excepto os professores de Inglês, um punhado de antigos cientistas políticos titulares e um minúsculo grupo de economistas na União dos Economistas Políticos Radicais (URPE), ainda estavam dispostos a admitir no final de 1992 que eram defensores do marxismo, e que tinham sido a favor do planeamento económico soviético. Eles tornaram-se párias do dia para a noite. Isto foi assim porque a academia, então como agora, está comprometida com o poder. Se você parecer ter poder, você é elogiado pela academia, mas quando você perder o poder, será atirado para o que Trotsky chamou de lata de cinzas da história.

Isso vai acontecer com os keynesianos, tão seguramente como aconteceu com os marxistas. Os keynesianos, basicamente, conseguiram uma boleia, e por mais de 60 anos. O seu sistema é ilógico. É incoerente. Os alunos dos cursos universitários em economia de facto nunca se lembram das categorias. Isto porque são categorias ilógicas. Todas elas assentam na ideia de que a despesa pública pode dar gás à economia, mas não podem explicar como é que o governo põe as mãos no dinheiro para provocar a despesa estimuladora sem que, ao mesmo tempo, se reduza a despesa do sector privado. O governo tem que roubar dinheiro para impulsionar a economia, mas isso significa que o dinheiro que é roubado ao sector privado desaparece como fonte de crescimento económico.

O sistema económico keynesiano não faz sentido. Mas, década após década, os keynesianos vão-se safando num total absurdo. Nenhum dos seus pares alguma vez os chamará a prestar contas. Eles vão caminhando  alegremente pela estrada da economia mista, como se essa estrada não nos estivesse a  conduzir para o dia da destruição económica. Eles são como os economistas marxistas e académicos de 1960, 1970 e 1980. Eles são alheios ao facto de que estão caminhando para o precipício com a endividada e sobre-alavancada economia ocidental, porque eles estão comprometidos, em nome da teoria keynesiana, com o sistema bancário de reservas fraccionárias que não pode ser sustentado nem em termos teóricos nem práticos.

O problema que vamos enfrentar em algum momento como uma nação e, de facto, como uma civilização é este: não existe uma teoria económica bem desenvolvida nos corredores do poder que vá explicar aos administradores de um sistema falido o que devem fazer depois do sistema colapsar. Isso foi verdade no bloco de leste, em 1991. Não houve plano de acção nem nenhum programa de reforma institucional. Isto é verdade no sector bancário. Isto é verdade na política. Isso é verdade em todos os aspectos do Estado social-militarista ["welfare-warfare state"]. As pessoas que ocupam o topo vão presidir a um desastre completo, e não serão capazes de admitir para si mesmas ou a qualquer outra pessoa de que foi o seu sistema que produziu o desastre. Como tal, eles não irão fazer mudanças fundamentais. Não irão reestruturar o sistema, pela descentralização do poder e pela redução drástica da despesa pública. Eles serão obrigados a descentralizar pelo colapso dos mercados de capitais.

Quando a União Soviética se desmoronou, os académicos do Ocidente não conseguiram explicar a razão do sucedido. Eles não podiam explicar o que inerentemente forçou o completo colapso da economia soviética, nem poderiam explicar porque ninguém no seu campo tinha antecipado esse colapso. Judy Shelton fê-lo, mas muito tarde: em 1989. Ninguém mais tinha visto o que aí vinha, porque o mundo académico não-austríaco rejeitou a teoria de Mises do cálculo económico socialista. Tudo no seu sistema era contra o reconhecimento da verdade das críticas de Mises, porque ele era igualmente crítico do sistema bancário central, da economia keynesiana e do Estado-Providência. Eles não podiam aceitar a sua crítica do comunismo precisamente porque ele usava os mesmos argumentos contra aqueles.

O Ocidente não pôde aproveitar o colapso da União Soviética precisamente porque se tinha tornado keynesiano, em vez de austríaco. O Ocidente estava tão comprometido com o planeamento keynesiano da economia mista, tanto na teoria como na prática, como os soviéticos se haviam comprometido com Marx. Portanto, houve um grande elogio para com o estado do bem-estar do Ocidente e para com a democracia como o sistema vitorioso, quando deveria ter havido um louvor à Escola Austríaca de economia. Não houve a compreensão de que a economia de dinheiro fiduciário do Ocidente se está a dirigir pelo mesmo caminho instável que levou ao colapso da União Soviética.

Não foi uma vitória para o Ocidente, excepto na medida em que Reagan havia expandido os gastos com os militares, e os soviéticos estupidamente tentaram responder a essa despesa. Tal, finalmente, provocou o ponto de ruptura na União Soviética. O país era tão pobre que não tinha as reservas de capital eficazes para rivalizar com as dos Estados Unidos. Quando o seu estado cliente - o Iraque -, foi completamente derrotado na guerra de 1991, a auto-confiança no interior dos militares soviéticos evaporou-se simplesmente. Isto tinha-se sucedido à devastadora derrota psicológica da retirada da União Soviética do Afeganistão em 1989. Aquelas duas derrotas, juntamente com a falência económica interna do país, levou à desintegração da União Soviética.

O valor actual das responsabilidades não cobertas do estado social americano, totalizando hoje mais de 200 milhões de milhões de dólares, mostra para onde se dirige o governo keynesiano desta nação: para o incumprimento. Está igualmente preso no atoleiro do Afeganistão. O governo irá retirar em algum momento nesta década. Tal não irá ter o mesmo efeito psicológico que ocorreu  na União Soviética, porque não somos um estado militar total. Mas continuará a ser uma derrota, e a estupidez de toda a operação será visível para todos. O único político que daí receberá algum benefício será Ron Paul. Ele foi suficientemente sábio para se opor a toda a operação em 2001, e foi a única figura nacional que o fez. Outros houve que votaram contra, mas ninguém conseguiu a publicidade que ele conseguiu. Ninguém mais tinha um sistema de política externa que justificava o não envolvimento. A sua oposição não era uma questão pragmática, era filosófica.

O Estado social-militarista, a economia keynesiana o Conselho de Relações Exteriores ["Council on Foreign Relations"] irão sofrer enormes derrotas quando o sistema económico finalmente se afundar. O sistema irá cair. Não é claro o que irá fazer disparar o gatilho, mas é óbvio que o sistema bancário é frágil e a única coisa capaz de o resgatar é a moeda fiduciária. O sistema está minando a produtividade da nação porque as compras de dívida por parte da Reserva Federal absorvem a produtividade e o capital do sector privado para os transferir para aqueles sectores subsidiados pelo governo federal.

Após o crash


Haverá uma grande disputa ideológica entre economistas e teóricos sociais sobre as razões por que caiu o sistema e sobre o que deverá substituí-lo. No campus, não haverá quaisquer respostas coerentes. A supressão da verdade no campus vem acontecendo de forma tão sistemática há meio século, manifestada pelo elogio universal ao Sistema da Reserva Federal, que a reputação do campus não recuperará. Não merece recuperar. Toda a comunidade académica tem sido favorável ao Estado social-militarista, por isso não irá sobreviver ao colapso do sistema. Tornar-se-á num motivo de chacota.

Não é claro quem é que vai sair vitorioso de tudo isto. Poderá ser necessária uma geração para começar a resolver o problema. Haverá muitos pretendentes, todos lançando as suas soluções, todos insistindo que viram a crise chegar. Mas isso será difícil de provar para qualquer um que não seja Austríaco.

É por isso que é importante que as pessoas entendam o que está errado com o sistema vigente e que o digam publicamente.

É por isso que as igrejas cristãs não terão muita voz activa em nada disto porque as igrejas, e o cristianismo em geral, nada tiveram a dizer de independente sobre o desenvolvimento do estado social-militarista.

Os analistas com os melhores argumentos são os Austríacos. Quanto a saber se eles vão ser capazes de se multiplicar de forma suficientemente rápida, ou de recrutar estudantes de forma suficientemente rápida, ou de ensiná-los de forma suficientemente rápida, com alguns deles a alcançarem posições de autoridade, é problemático. Mas nós sabemos isto: não houve qualquer crítica sistemática da teoria keynesiana e das suas políticas, à excepção da dos Austríacos nos últimos 70 anos. Só os marxistas veicularam um criticismo comparável, e o seu navio afundou-se em 1991.

Os keynesianos falam uns com os outros. Eles não procuram convertidos. Eles não acham que precisem. Os Austríacos, sendo uma pequena minoria, procuram persuadir os não-austríacos. Os economistas keynesianos obtiveram lugar no quadro por escreverem em linguagem inarticulada, incluindo fórmulas sem sentido que começam por assumir o afastamento da realidade. Os Austríacos começam com a realidade: a acção humana individual. Os keynesianos, quando escrevem para o público, oferecem conclusões, não explicações. Os Austríacos procuram explicar a sua posição, uma vez que sabem que o público não está familiarizado com os fundamentos da teoria económica austríaca.

Num tempo de ruptura, os Austríacos irão explicar por que tal aconteceu e irão  atribuir a culpa aos keynesianos: "O seu sistema falhou. Eles detiveram o controlo desde 1940."

Os keynesianos irão colocar a culpa nos keynesianos que não foram suficientemente longe: "mais do mesmo". Já estamos a ver isso em "Krugman vs Bernanke".

Qual será a versão que o público estará pronto a acreditar numa crise? Nos finais da década de 1930, encontramo-la: a dos keynesianos, que culparam o mercado livre, e não os economistas neoclássicos. "O sistema actual está basicamente OK. Só precisamos de mais tempo."

Economistas austríacos domesticados


A batalha vai ser travada e ganha fora da academia. É aqui que os austríacos precisam  de aprender a batalhar.

Dentro da academia, para ganhar a titularidade, cada professor assistente tem que fazer os movimentos de genuflexão em frente ao altar keynesiano. Depois de obterem lugar no quadro, a maioria dos anti-keynesianos não pode quebrar o hábito. Eles adoçam as suas críticas ao keynesianismo. Eles desempenham o papel de adversários leais. Aqui se incluem até mesmo alguns Austríacos - aqueles que estão revoltados com a retórica do Instituto Mises e Lew Rockwell.com. Eles estão domesticados.

Lembro-me de um académico economista austríaco que me disse que eu sou excessivamente desrespeitador para com o keynesianismo e introduzo um excesso de desprezo na minha retórica. "Você simplesmente não pode dizer essas coisas!", disse-me ele, não compreendendo o seu erro gramatical. Eu respondi: "Sim, eu posso e vou fazê-lo." Isso foi em 1992. Ele não mudou. Nem eu.

Temos públicos diferentes. Ele ensina 130 alunos, três dias por semana, oito meses por ano, numa universidade menor financiada pelo governo, sem influência no grémio da teoria económica. Eu tenho 120 mil pessoas nas  minhas listas de distribuição, 70.000 delas cinco dias por semana, para além dos leitores no Lew Rockwell.com dois dias por semana, 52 semanas por ano. Eu posso jogar duro contra as pestes keynesianas. Ele tem de ter cuidado com as suas palavras, de modo a agradar àqueles cujas opiniões contam na academia. Ele passou a sua carreira olhando por cima do ombro para os keynesianos que exercem o poder em todos os grémios académicos das ciências sociais com cujas regras ele deve jogar como um estranho que quase não é tolerado no interior do grémio da teoria económica. Eu passei a minha dizendo à multidão que o imperador vai nu, e que os seus alfaiates são na maior parte keynesianos, com uns poucos monetaristas fingindo serem as pregas das bainhas das vestes invisíveis. Eu não obedeço às regras retóricas - "gentil, seja gentil" - que os académicos keynesianos impõem aos seus críticos dentro da academia. "Você senta-se no canto e espera pela  sua vez. Você vai ter os seus 15 minutos. Seja educado quando chegar a sua vez." Isto não é meu estilo.

Conclusão


Eu apresento esta avaliação optimista: os maus vão perder. As suas políticas estatizantes trarão a destruição que eles não serão capazes de explicar. O seu caso será rejeitado. "Dêem-nos mais tempo. Nós só precisamos um pouco mais de tempo. Nós podemos consertar isto, se nos deixarem ir mais fundo aos vossos bolsos."

A muito longo prazo, os bons irão vencer mas, no interim, vai haver muita competição para ver qual o grupo que vai dançar sobre o túmulo do sistema keynesiano.

Vão buscar os sapatos para dançar. Mantenham-nos polidos. O nosso dia está a chegar.

4 comentários:

Filipe Silva disse...

Li ontem o artigo adorei, obrigado pela sugestão.

JS disse...

Responsável gesto e excelente tradução.Obg.

JPRibeiro disse...

Obrigado pela tradução que já mandei para dois keynesianos empedernidos

Anónimo disse...

Muito bem! Excelente serviço público que não necessitou de extorsão!