Ao ler esta "notícia", que não me merece nenhum crédito, pelo menos quanto aos termos das hipóteses adiantadas para explicar uma (eventualmente aparente) constatação, recordei-me duma história, verdadeira, formulada por Thomas Sowell (a quem já aludi aqui) no seu livro "The Housing Boom and Bust", de 2009 e que agora vou disponibilizar na vitrina das "Leituras".
Conta Sowell que no início dos anos 90 do século passado, a imprensa americana, baseada na leitura (apressada) de um estudo empírico por parte da Fed, clamou pelo fim das iniquidades que o dito estudo aparentemente evidenciava. À época, o normalmente circunspecto Wall Street Journal chamava à primeira página a notícia: "When it comes to buying a home, not all Americans are created equal. If you're black, it's twice as likely your mortgage application will be rejected as it is if you're white". No mesmo New York Times que agora se interroga Do Lesbians Earn More Than Heterosexual Women? podia ler-se: "The most comprehensive report on mortgage lending nationwide ever issued by the Government shows that even within the same income group whites are nearly twice as likely as blacks to get loans".
Perante tão "evidentes" factos, estava criada a pressão social para que o Governo actuasse e corrigisse a evidente falha do mercado desta vez assente em insuportáveis preconceitos raciais. Instalava-se a lógica conhecida por "Do something!". Assim, em paralelo com iniciativas vindas do New Deal relativas à promoção de "affordable housing", urgia equilibrar racialmente a concessão de empréstimos hipotecários. Em rigor, instalou-se uma pressão (por parte das autoridades federais) junto das instituições bancárias para a concessão de verdadeiras quotas de crédito hipotecário, racialmente determinadas. As orientações para que as "Governement Sponsored Entreprises" Fannie Mae (criada em 1938) e Freddie Mac cobrissem os riscos que a concessão de crédito hipotecário cada vez menos prudente (subprime borrowing) implicava, levaram ao monumental estouro que colocou os Estados Unidos e boa parte do mundo ocidental em sériíssimas dificuldades de que ainda não sabemos quando, e em que condições, iremos sair. Esta política da promoção do "affordable housing" atravessou transversalmente as presidências democratas e republicanas de George H. Bush, Bill Clinton e George W. Bush e não há sinais que algo tenha mudado seriamente com Barack Obama.
E todavia, uns anos depois (2000), novos dados vieram demonstrar que enquanto 44.6% dos negros viram recusados os seus pedidos de empréstimos hipotecários, o mesmo só sucedeu a 22.3% dos brancos. O curioso é que, saindo da dicotomia negro-branco, só 12.4% dos pedidos de Americanos de origem asiática e nativos do Hawai foram recusados! Afinal também os brancos estavam a ser discriminados(!) embora tal notícia nunca tenha chegado a sê-lo.
E quando à suposta discriminação evidenciada para dados intervalos de rendimento, convém não esquecer que um dos factores mais importantes numa concessão prudente de crédito assenta na riqueza dos candidatos, no anterior historial de crédito, na dívida já contraída, etc, etc.
Este livro de Sowell, perfeitamente acessível pela fuga propositada ao economês e escrito de uma forma admiravelmente clara é em primeiro lugar um exemplo de que correlação não significa causalidade e que a "correcção" das supostas falhas do mercado e a promoção voluntarista por parte do Governo de novas investidas do Estado Social, assente em crédito artificialmente barato, pode ter (quase sempre tem) consequências trágicas.
Perante tão "evidentes" factos, estava criada a pressão social para que o Governo actuasse e corrigisse a evidente falha do mercado desta vez assente em insuportáveis preconceitos raciais. Instalava-se a lógica conhecida por "Do something!". Assim, em paralelo com iniciativas vindas do New Deal relativas à promoção de "affordable housing", urgia equilibrar racialmente a concessão de empréstimos hipotecários. Em rigor, instalou-se uma pressão (por parte das autoridades federais) junto das instituições bancárias para a concessão de verdadeiras quotas de crédito hipotecário, racialmente determinadas. As orientações para que as "Governement Sponsored Entreprises" Fannie Mae (criada em 1938) e Freddie Mac cobrissem os riscos que a concessão de crédito hipotecário cada vez menos prudente (subprime borrowing) implicava, levaram ao monumental estouro que colocou os Estados Unidos e boa parte do mundo ocidental em sériíssimas dificuldades de que ainda não sabemos quando, e em que condições, iremos sair. Esta política da promoção do "affordable housing" atravessou transversalmente as presidências democratas e republicanas de George H. Bush, Bill Clinton e George W. Bush e não há sinais que algo tenha mudado seriamente com Barack Obama.
E todavia, uns anos depois (2000), novos dados vieram demonstrar que enquanto 44.6% dos negros viram recusados os seus pedidos de empréstimos hipotecários, o mesmo só sucedeu a 22.3% dos brancos. O curioso é que, saindo da dicotomia negro-branco, só 12.4% dos pedidos de Americanos de origem asiática e nativos do Hawai foram recusados! Afinal também os brancos estavam a ser discriminados(!) embora tal notícia nunca tenha chegado a sê-lo.
E quando à suposta discriminação evidenciada para dados intervalos de rendimento, convém não esquecer que um dos factores mais importantes numa concessão prudente de crédito assenta na riqueza dos candidatos, no anterior historial de crédito, na dívida já contraída, etc, etc.
Este livro de Sowell, perfeitamente acessível pela fuga propositada ao economês e escrito de uma forma admiravelmente clara é em primeiro lugar um exemplo de que correlação não significa causalidade e que a "correcção" das supostas falhas do mercado e a promoção voluntarista por parte do Governo de novas investidas do Estado Social, assente em crédito artificialmente barato, pode ter (quase sempre tem) consequências trágicas.
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