Com a frequência condizente com o (elevado) ritmo a que se sucedem as sucessivas descobertas de novas e gigantescas jazidas um pouco por todo o mundo, tenho vindo a fazer no blogue múltiplas referências ao shale gas (gás de xisto), a última das quais aqui. Hoje pretendo dar conta do ensaio "The Shale Gas Schock", da autoria de Matt Ridley, ainda que a sua publicação tenha já ocorrido em Abril último. Não obstante, e porque se multiplicam as tentativas de ignorar esta "dádiva" da "Mãe Terra" por parte dos eco-teócratas, parece-me útil contribuir para a desmistificação dos riscos que a sua exploração comercial encerra. Nas palavras do próprio Ridley: «não há dúvidas que a sua exploração comporta riscos ambientais, o que pode ser explorado para gerar preocupação pública suficiente para impedir a sua expansão em grande parte Europa Ocidental e em partes da América do Norte, embora os indícios sugiram que esses riscos são muito menores do que os das indústrias concorrentes». Compreender-se-á assim porque há quem não queira celebrar as boas notícias:
Importantes parecem-me também ser as palavras de Freeman Dyson, que assina o prefácio de que traduzo o seguinte excerto:
«As melhorias mais importantes da condição humana causadas pelas novas tecnologias são frequentemente inesperadas antes de ocorrerem e rapidamente esquecidas depois. A minha avó nasceu por volta de 1850 na industrial West Riding de Yorkshire. Ela dizia que a mudança realmente importante nas casas da classe trabalhadora quando ela era jovem foi a mudança das velas de sebo para as velas de cera. Com as velas de cera era possível ler confortavelmente à noite. Com as velas de sebo não era. Em comparação, a posterior mudança das velas de cera para a luz eléctrica não foi tão importante. De acordo com a minha avó, as velas de cera fizeram mais do que as escolas do governo para produzir uma classe trabalhadora letrada .
O gás de xisto é como as velas de cera. Não é uma solução perfeita para os nossos problemas económicos e ambientais, mas está cá quando é necessário, e isso faz uma enorme diferença para a condição humana. Matt Ridley dá-nos um relato justo e equilibrado dos custos e benefícios ambientais do gás de xisto. As lições a serem aprendidas são claras. Os custos ambientais do gás de xisto são muito menores que os custos ambientais do carvão. Por causa de gás de xisto, o ar em Pequim vai ser limpo como o ar em Londres foi limpo há 60 anos atrás [quando foram proibidas as lareiras domésticas a carvão]. Por causa do gás de xisto, o ar puro deixará de ser um luxo que apenas os países ricos podem pagar. Por causa de gás de xisto, a riqueza e a saúde serão distribuídas mais equitativamente à face do nosso planeta.»
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Nota: os meus avós maternos nasceram cerca de 60 anos depois da avó de Dyson. Não conheci assim já as velas de sebo mas ainda me recordo das lamparinas de azeite e da pequena revolução que foi, na casa dos meus avós, a introdução do candeeiro "a petróleo", acontecimento que também permitiu aos netos ler umas páginas de noite.
3 comentários:
Por falar em ar puro, não se esqueçam de comprar algum do "ar puro da Guarda"...
LOL
Ecotretas
Ah!Ah!Ah!
Começa a ser patético ler as declarações de quem pretende expressar livremente a sua opinião sobre um assunto que pode beliscar a seita do aquecimento Global... refiro-me à declaração do Matt Ridley no Disclosure. Havia de ser engraçado em Portugal, pedir a um médico para fazer semelhante declaração, mas sobre a indústria farmacêutica...
Para quem quiser saber mais sobre o shale gás pode ir a:
http://en.bookfi.org/g/World%20Energy%20Council
e fazer o download do relatório de 2010 sobre shale gas do World Energy Council e depois contextualizar com o Survey of Energy Resources no mesmo sítio (os ficheiros DJVU são semelhantes aos PDF. Há vários sítios na net a partir dos quais se pode fazer o download e a instalação do programa para conseguir ler estes ficheiros)
AM
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